Tempo, saúde e docência

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Esta pesquisa trata das implicações do tempo na saúde e no trabalho dos professores da educação básica da rede pública estadual de Balneário Camboriú SC, envolvendo um contingente de 90 sujeitos-docentes. O foco de análise desta pesquisa consiste nas estruturas formais institucionalizadas e em relação aos significados atribuídos ao trabalho sob a ótica da categoria tempo. A metodologia baseia-se nas premissas da pesquisa qualitativa. Os procedimentos operacionais de coleta, registro e análise dos dados, no primeiro momento, consistem em práticas de observação do trabalho docente. O segundo momento caracteriza-se pela aplicação do Diagnóstico Integrado do Trabalho DIT em que prevê a articulação de aspectos objetivos e subjetivos das condições de trabalho, a partir do levantamento de dados de diferentes esferas no âmbito social e ocupacional do docente para verificação de indicadores da Síndrome de Burnout. O terceiro momento compreende a realização de grupos focais, a partir da comparação de diferentes perspectivas, interfaces e condicionantes das dimensões temporais, dos ritmos cotidianos, próprios às temporalidades da docência. As discussões provenientes dos grupos focais permitiram gerar análises intra e inter grupos de professores denominados nesta pesquisa: juniores (iniciantes até 10 anos de docência); mediatores (anos intermediários 11 a 20 anos de atuação) e seniores (os mais experientes acima de 20 anos). Os resultados obtidos indicam que as temporalidades inerentes ao trabalho docente se exprimem em fragmentos de tempo que se constituem fontes laborais de tensão, desdobrando-se em sofrimento, frustrações, angústia e dor, determinadas por diferentes fatores tais como: o tensionamento dos tempos e as dificuldades de equacioná-los. As mulheres, portanto, vivenciam-no com mais intensidade devido à sobrecarga doméstica. Nos desdobramentos dos horários escolares os tempos profissionais de ampliam para outros tempos e espaços vividos em função da coexistência de jornadas de trabalho na escola e fora dela, percebidas por professores juniores mediatores e seniores. A dificuldade de articulação do tempo escolar a outros tempos e dimensões da vida social do professor. A carga mental associada às dificuldades laborais que advém de várias situações. Há também as transgressões dos tempos escolares: absenteísmo, greves, paralisações e licenças como alívio às tensões, muito freqüentes entre os seniores. Os professores carecem de tempo de preparação e de tempos coletivos para cumprirem as novas expectativas e exigências que recaem sobre a docência. Os marcadores temporais presentes em vários contextos da vida dos professores regulam os ritmos da vida individual e coletiva, fazendo com que os resultados exigidos sejam alcançados ao custo de danos à saúde

ASSUNTO(S)

time trabalho docente teaching work burnout tempo burnout educacao

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