Tempo de viver: uma análise dos significados do climatério na mulher favelada
AUTOR(ES)
Sônia Maria Rezende C. de Miranda
DATA DE PUBLICAÇÃO
1996
RESUMO
O climatério corresponde a um período relativamente longo da vida da mulher, que pode durar vários anos e termina um ano após a menopausa, a qual se constitui em apenas um evento. O objetivo de nossa pesquisa foi estudar o climatério na perspectiva psicosociocultural, enfocando sua significação para a mulher favelada, levando em consideração as especificidades de sua inserção social pela situação de pobreza e luta pela sobrevivência (inclusão pela exclusão). Desta forma, entendemos o conceito de saúde como um processo cultural, social e psicológico, além de biológico. Os temas que mais se destacaram no discurso foram: corpo, atividades e emoções; sexualidade, ambiente de moradia, projeto de vida e atitude em relação à vida. As principais unidades de significação apontadas foram: o corpo, como lugar de sintomas (na dimensão biológica) e como força de trabalho (dimensão ideológica), chamando atenção o fato de não se destacar a dimensão estética, sendo que a unidade de significado predominante é de Corpo Bom. Em relação a atividades e emoções, destacou-se a atividade de mãe em primeiro plano, e em segundo, a de esposa ou mulher. A significação predominante na primeira apresenta-se sob a forma de contradição: medo x satisfação e reconhecimento. Como trabalhadora, é a discriminação que vem do outro, apontando como uma grande significação a falta de perspectiva profissional. Como mulher ou esposa, é de frustação e decepção. Para a sexualidade, a - diminuição da libido pelo mau relacionamento com o parceiro. O ambiente de moradia é de medo e preocupação. O projeto de vida é de esperança. A atitude em relação à vida é positiva:"a vida é boa". Concluímos que o climatério é pouco significativo nas mulheres faveladas, sendo ultrapassado como definidor de sentido da vida pelo contexto socioeconômico: a miserabilidade. Ao contrário da literatura que o apresenta como um momento de perdas, elas avaliam a temporalidade em que se encontram como "tempo de viver" (Sawaia; 1994), mobilizadas para ação, ou seja, na "Potência de Agir", como diz Espinoza (Deleuze; 1975-1976:39)
ASSUNTO(S)
menopausa fisiologia da mulher psicologia social mulheres -- condicoes sociais
ACESSO AO ARTIGO
http://www.sapientia.pucsp.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=8073Documentos Relacionados
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