Teletrabalho: A prática do trabalho e a organização subjetiva dos seus agentes.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

O presente estudo teve por objetivo pesquisar uma nova forma de trabalho, denominada teletrabalho. Nela, os trabalhadores exercem suas funções no âmbito doméstico, utilizando-se da informática e de equipamentos de telecomunicações. O objetivo específico foi analisar essa prática e a organização subjetiva dos agentes envolvidos. Para tanto, foi realizada uma pesquisa empírica, exploratória e qualitativa, através da qual se obteve depoimentos de vinte e um teletrabalhadores de duas empresas, escolhidas pelo critério de acessibilidade. Foi primeiramente analisado o processo de mudança da forma tradicional de trabalhar, no escritório das organizações, para a forma remota, principalmente no que diz respeito aos sentimentos dos sujeitos. Também mereceu destaque a vida do teletrabalhador no espaço doméstico e suas intersubjetividades com a família, tendo sido aprofundados os problemas resultantes de uma nova dimensão espaço-temporal, a questão dos papéis assumidos e as identificações que levaram a novas identidades. Foram ainda abordadas as relações sociais dos depoentes com seus colegas e gestores das empresas. Os resultados mostraram que trabalhar em casa pode levar a uma melhor qualidade de vida (well-being), tendo o trabalhador maior liberdade e autonomia para se organizar, imprimindo um ritmo próprio ao tempo que dedica às atividades profissionais. Porém, o uso do espaço doméstico exige uma acomodação das intersubjetividades, sendo necessária a busca de equilíbrio entre diferentes cenários - do trabalho e da família que passam a conviver no mesmo espaço. Neste estudo, pôde-se observar que tudo isso vem sendo conseguido pelos teletrabalhadores. Parece haver, de fato, um ganho nos relacionamentos familiares, pela maior disponibilidade para o cotidiano doméstico, sem perda de envolvimento e compromisso profissional. Foi ainda observado e analisado um certo mal estar causado pela distância física do ambiente empresarial. Há uma perda no relacionamento com colegas e com a organização, o que pode comprometer o desenvolvimento da carreira e levar a um sofrimento. Dependendo da forma como esses trabalhadores se apropriam dessa nova relação de trabalho, esse sofrimento pode se tornar patogênico ou, ao contrário, criativo.

ASSUNTO(S)

teletrabalho telecomutação organizações idendificações e identidades home office telework. organizations. home office. time. subjectivity. identifications and identities. sociologia tempo subjetividade

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