Telecentros comunitários e ciberespaço : redes de interações sociais na encruzilhada entre o local e o global

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

As últimas décadas foram marcadas pela consolidação em nível mundial de uma sociedade da informação, enquanto modelo societal dinâmico e flexível, amparada nas TICs (como base material). Atualmente, a internet tem importância fundamental neste contexto, haja vista que representa a constituição de um ciberespaço, isto é, de uma sociedade virtual e em rede, de um novo espaço de sociabilidades. A partir do entendimento das possibilidades sociais permitidas pela internet, órgãos governamentais e comunidades locais passaram a discutir acerca de alternativas à problemática da exclusão digital, entendida como empecilho ao ingresso de grupos sociais pobres à sociedade da informação. Em resposta a esta situação, vêm sendo criadas neste último decênio unidades de telecentros – espaços para livre acesso comunitário à informática e à internet –, sobretudo nas periferias das grandes cidades do país. Na esteira destas considerações, nossa pesquisa analisou redes de interações sociais formadas por usuários de telecentros comunitários nos e a partir de tais ambientes, ou seja, no contexto local e através do ciberespaço – ou, em outras palavras, em uma dimensão global –, a fim de verificar como elas se constituem, se transformam, se reproduzem, etc. Assim, logramos apreender, sob o prisma das redes, o contexto de interação entre os usuários de telecentros e a sociedade da informação. Para tanto, partimos de uma perspectiva teórica sociotécnica – a qual subentende que elementos humanos e não-humanos compõem a realidade, associados em redes –, ou, mais precisamente, da teoria do ator-rede (TAR), e também de um pensamento rizomático, que visa assegurar a ampla complexidade intrínseca às redes. Foram estudados dois telecentros comunitários de Porto Alegre-RS: Timbaúva e Vila Cruzeiro – localizados nas zonas norte e sul do município, respectivamente. Seguindo uma abordagem qualitativa, fizemos observações de campo durante quatro meses e realizamos trinta e duas entrevistas individuais semi-abertas, que buscavam compreender de que forma os usuários de telecentros se relacionavam com outrem (em redes), tanto nestes próprios espaços quanto por meio do ciberespaço. Na seqüência, fizemos uma análise de conteúdo das entrevistas e uma exposição etnográfica de nossas vivências nos telecentros, e pudemos desenvolver uma reconstrução de redes de interações sociais, em que traçamos associações entre elementos (coisas e pessoas) e identificamos fluxos de sociabilidades, movimentos no interior das redes.

ASSUNTO(S)

social interaction networks ciberespaço telecenters sociologia da tecnologia cyberspace redes sociais socio-technical theory tecnologias de informação e comunicação (tics) local telecentros global

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