Tecendo histórias: intervenção clínica em uma UTI semi-intensiva pediátrica / Weaving histories: clinical intervention in a childs semi-intensive care unit

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A instituição hospitalar transplanta a doença para si, expropriando-a do corpo do paciente. Ao fazê-lo, cria uma dinâmica que favorece o tratamento especializado. Sendo assim, o paciente é visto de forma fragmentada por Médicos, Enfermeiros, Auxiliares, Nutricionistas, dentre outros cuidadores. Com o avanço técnico o diagnóstico tem se tornado próximo ao absoluto e a terapêutica cada vez mais segura, características bastante valorizadas. Não raro, veiculam-se na mídia propagandas hospitalares da seguinte natureza: temos a melhor tecnologia para cuidar de seu filho. Mais especificamente em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) o que comumente se vive é privação, adoecimento e morte. Nesse sentido, o aparato tecnológico e a precisão médica podem fazer a diferença entre a vida e a morte do paciente. Assim sendo, a UTI se organiza por meio da permanência de aparelhos ligados, assepsia, instabilidade e, sobretudo, urgência. No entanto, apenas o cuidado técnico não dá conta de acolher o imponderável, as contradições, as frustrações e demais aspectos próprios da condição humana que também estão presentes no cotidiano da UTI, os quais, apesar de existirem, nem sempre podem emergir. Reconhecer a necessidade de humanizar a atenção hospitalar tornou-se política pública no Brasil a partir de 2001. Isso incentivou a outros profissionais estudar o tema. Esse debate põe em questão várias atitudes e procedimentos hospitalares e, sem dúvida, provoca confrontos políticos, ideológicos e epistemológicos. Diante desse contexto, essa pesquisa contribui com essa discussão, pois se preocupou em compreender um modo clínico de intervir nesse ambiente. Para tal, utilizei-me do método fenomenológico-hermêutico de investigação. Visando compreender as vivências em UTI recorri principalmente ao pensamento e a clínica de Donald D. Winnicott e também de Gilberto Safra os quais produziram ressonâncias no meu estilo clínico. De início, o procedimento consistiu em disponibilizar-me para narrar contos de fadas escolhidos pela criança internada. Contudo, no decorrer da pesquisa percebi, na medida em que transitava pela UTI, que a potencialidade do encontro com a criança, com os pais acompanhantes e com a equipe se tornou algo fundamental na intervenção. Assim sendo, aos poucos os contos de fadas foram sendo deixados de lado e passei a ouvir histórias das pessoas na instituição. Desse modo, ocorreu a passagem do uso de história para o espaço potencial como procedimento. Dentre as vivências, discuti quatro situações clínicas envolvendo crianças hospitalizadas, mães e pais acompanhantes, equipe de saúde e a minha própria transformação como pesquisadora empática ao sofrimento experimentado em UTI

ASSUNTO(S)

clinical intervention uti infantil unidade de tratamento intensivo intervenção clínica psicologia tratamento intensivo pediatrico criancas -- assistencia hospitalar -- aspectos psicologicos infantile uti

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