Taxonomic revision of the genus Mastigodryas Amaral, 1934 (Serpentes: Colubridae) / Revisão taxonômica do gênero Mastigodryas Amaral, 1934 (Serpentes: Colubridae)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O gênero Mastigodryas apresenta ampla distribuição geográfica, ocorrendo do sul do México ao norte da Argentina, estando presente também em ilhas continentais (Testigos, Tobago e Margarita) e oceânicas (São Vicente, Granada e Granadina) pertencentes às Antilhas. Atualmente o gênero é composto por doze espécies, sendo três espécies politípicas, que estão organizadas em quatro grupos de espécies, bifossatus, boddaerti, melanolomus e pleei e mais três espécies incertae sedis, como M. cliftoni, M. danieli e M. pulchriceps. Embora este gênero tenha sido extensivamente estudado há algumas décadas atrás, sua composição taxonômica permanece complexa com táxons mal diagnosticados do ponto de vista morfológico e com problemas nomenclaturais. Além disso, nenhuma revisão taxonômica que tenha contemplado toda a diversidade taxonômica ou abrangência geográfica do gênero Mastigodryas foi realizada, o que justifica a permanência da utilização do conceito biológico de espécie e o emprego da categoria sub-específica até os dias de hoje. Somado a isso, controvérsias em relação ao uso de Mastigodryas ou Dryadophis perduraram por mais de uma década na história da herpetologia, sendo sua validade questionada por alguns pesquisadores que os consideravam congenéricos, enquanto outros os consideravam como válidos e distintos. Nesse sentido, uma extensa análise de revisão foi realizada através do exame de cerca de 2000 espécimes de Mastigodryas depositados em 36 coleções científicas. Este estudo, baseado na avaliação da variação dos caracteres qualitativos e quantitativos intra e inter-específicos e no exame dos padrões da variação geográfica, visou a) determinar o status do gênero frente a outros gêneros de colubrídeos e a questão de validade Dryadophis e Mastigodryas, e b) definir a composição taxonômica do gênero, reconhecendo e definindo as espécies válidas, com especial atenção aos táxons específicos e sub-específicos descritos ao longo de sua história. Através desta análise comparativa de variação foi possível diagnosticar Mastigodryas em relação a gêneros como Chironius, Drymoluber, Dendrophidion, Leptodrymus, Masticophis e Salvadora: o gênero é definido por um conjunto exclusivo de características de morfologia externa e interna. Além disso, com base no exame da espécie tipo de Mastigodryas foi possível estabelecer a validade deste nome e sua prioridade em relação a Dryadophis. O exame de material tipo e descrições originais revelou a existência de um total de 39 táxons nominais associados ao gênero. Com base na análise deste material e de extensas séries, foi possível estabelecer que 18 táxons representam nomes válidos e disponíveis e são reconhecidos como espécies plenas: 11 correspondem a espécies correntemente utilizadas, um dos táxons reconhecidos é revalidação de um nome atualmente em sinonímia, e seis táxons correspondem a subespécies elevadas ao nível específico; somente duas espécies são consideradas novas, sem nome disponível na literatura e serão descritas oportunamente. Estas 20 espécies válidas para o gênero Mastigodryas foram distribuídas em cinco grupos de espécie dos quais bifossatus, cliftoni e pulchriceps são monotípicos e boddaerti e pleei politípicos. O grupo boddaerti é dentre todos o mais diverso, reunindo um total de doze espécies, M. alternatus, M. boddaerti, M. danieli, M. dorsalis, M. dunni, M. laevis, M. melanolomus, M. reticulatus, M. ruthveni, M. slevini, M. veraecrucis e Mastigodryas sp. O grupo pleei reúne cinco espécies, M. amarali, M. bruesi, M. heathii, Mastigodryas pleei e Mastigodryas sp. Os demais táxons propostos ao longo da história do gênero, que totalizam 19 formas nominais, são considerados sinônimos. Estes resultados permitem o reconhecimento do gênero e se suas espécies, o que representa um grande avanço em relação ao estado atual. Mais ainda, este conhecimento permite agora o estabelecimento de análises filogenéticas que permitirão a formulação de hipóteses biogeográficas acerca deste gênero, atualmente baseadas em cenários evolutivos. Estes desdobramentos possibilitarão elementos mais robustos à compreensão da acerca da origem, evolução e biogeografia da família Colubridae na região Neotropical.

ASSUNTO(S)

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