Taphonomy as zoorchaeological interpretation tool: Deposicional bias in palaeontological, ethnographic and archaeological sites / Tafonomia como ferramenta zooarqueológica de interpretação: viés de representatividade óssea em sítios arqueológicos, paleontológico e etnográfico

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Estudos tafonômicos são relevantes para o entendimento de contextos deposicionais em sítios paleontológicos e arqueológicos, podendo ser ferramenta útil na correta interpretação desses registros. Recorrente em estudos dessa natureza é o problema da equifinalidade, em que dois ou mais processos levam a um mesmo padrão final. No caso dos estudos zooarqueológicos esse problema se torna mais aparente, uma vez que dois fatores são responsáveis pela formação e configuração final da fauna depositada nos sítios arqueológicos, sendo eles a ação humana e a ação natural. Com a finalidade de gerar assinaturas tafonômicas para auxiliar na compreensão do registro arqueológico, o presente estudo utilizou uma coleção paleontológica (Cuvieri) e uma coleção etnográfica (Guajá) como "controle". Ao todo quatro coleções osteológicas de mamíferos de médio e grande porte (Mazama sp., Tapirus terrestris, Tayassu sp.) foram analisadas: coleção etnográfica dos índios Guajá (Maranhão, Brasil) onde somente o agente antrópico incidiu na formação; coleção paleontológica do sítio Cuvieri (Minas Gerais, Brasil) formada unicamente pelo agente natural; e coleção arqueológica dos sítios Lapa do Santo e Lapa das Boleiras (Minas Gerais - Brasil). Ferramentas consagradas na literatura zooarqueológica foram utilizadas, sendo a Densidade Óssea (VD - volume density) e o índice de Utilidade Alimentar (FUI - food utility index) os mais importantes, além de análises envolvendo fragmentação óssea, sinais de queima e marcas de corte. As análises comparativas realizadas geraram resultados significativos no que diz respeito à formação do registro arqueológico, e em última instância quanto às estratégias de subsistência das populações pré-históricas de Lagoa Santa. A partir de análises de correlação não paramétrica (Spearman) envidenciou-se ausência de correlação entre representatividade óssea (MAU - minimal animal unit) e utilidade alimentar (FUI - food utility index), bem como entre representatividade e densidade óssea (VD - volume density) no sítio etnográfico e no sítio arqueológico. Entretanto, houve correlação entre densidade e representatividade óssea no sítio paleontológico. Uma correlação estatisticamente não significativa entre MAU e FUI nos sítios arqueológicos era esperada, como corroborada pelo sítio etnográfico. No entanto, a correlação entre densidade e representatividade encontrada no sítio paleontológico não foi encontrada no sítio arqueológico o que pode ser explicado neste último caso, entre outros fatores, pela atividade humana. Análises de fragmentação óssea demonstraram diferenças significativas entre os sítios, principalmente quando considerados apenas os ossos longos, que são os mais processados para o consumo humano. A fragmentação apresentou-se maior nos sítios em que houve ação humana (etnográfico e arqueológicos). Com relação à queima e marcas de corte, foram obtidos resultados relevantes em termos etnográficos, demonstrando processamentos diferenciais entre os taxa analisados mesmo na ausência da ação de processos diagenéticos. Os resultados demonstram a utilidade de estudos comparativos entre coleções de diferentes contextos (e.g., paleontológicas, etnográficas, e arqueológicos) para melhor entendimento da gênese e da transformação de assembléias fósseis, minimizando assim o problema da equifinalidade.

ASSUNTO(S)

taphonomy tafonomia zooarchaeology zooarqueologia archaeological/palaeontological and ethographis sites sítios arqueológicos/paleontológicos/etnográfico

Documentos Relacionados