Tafonomia de paleovertebrados em sistemas continentais do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil e do Departamento de San José, Uruguai

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Com base em afloramentos do Triássico Inferior e Médio do Rio Grande do Sul, Brasil e do Plio-Pleistoceno do Uruguai, na presente tese buscou-se identificar possíveis padrões de preservação para diferentes sistemas fluviais, através de análises sedimentológicas e tafonômicas. Tais análises tiveram o intuito de comparar os modos tafonômicos de ocorrência dos fósseis em diferentes sistemas fluviais e em diferentes períodos, testando, desta forma, o conceito de isotafonomia, além de discutir a viabilidade/validade das zonas bioestratigráficas propostas para o Triássico Brasileiro e para o Quaternário Uruguaio. Por fim, buscou-se testar a aplicabilidade da Estratigrafia de Seqüências na predição do modo tafonômico de ocorrência de tafocenoses terrestres. Para os depósitos de sistemas fluviais anastomosados (Triássico Médio), observou-se que grande parte dos fósseis apresentavam-se desarticulados e intemperizados, resultando em tafocenoses autóctones, com alta qualidade do registro fóssil e relativamente baixo time averaging. Já para os depósitos de sistemas entrelaçados (Triássico Inferior e Plio-Pleistoceno), raros são os achados de fósseis articulados e/ou inteiros. Desta maneira, o alto grau de desarticulação, dada por fatores hidráulicos; a alta taxa de fragmentação e abrasão, devido ao retrabalhamento do sistema e uma baixa taxa de intemperismo, devido ao pouco tempo de residência geraram tafocenoses alóctones, com baixa qualidade do registro fóssil e relativamente alto time averaging. Com base em tais características, pode-se dizer que os biozoneamentos propostos para o Triássico Médio são válidos, pois os registros de primeira e última ocorrência seriam eficazes para o estabelecimento de zonações, uma vez que as tafocenoses encontradas são autóctones e com baixo grau de time averaging. Por outro lado, as características tafonômicas encontradas em depósitos de sistemas entrelaçados indicam que a mistura temporal e o grau de aloctonia são bastante altos; desta forma, os zoneamentos feitos com fósseis de vertebrados deste tipo de depósito devem ser consideradas com muita cautela. Ainda que de forma preliminar, pode-se afirmar que os fatores controladores do desenvolvimento dos sistemas fluviais estão relacionados com a qualidade das tafocenoses a serem preservadas. De forma resumida, observa-se que durante o TST, o sistema fluvial variará de entrelaçado para anastomosado e os depósitos dominantes estarão associados às planícies de inundação. Desta forma, a desarticulação por fatores hidráulicos diminuirá, aumentando a desarticulação devido à ação biogênica e diminuindo a mistura temporal. Já durante o HST e o LST, o pouco espaço de acomodação faz com que haja o amalgamento dos canais e consequentemente retrabalhamento de seus próprios depósitos, aumentando consideravelmente a desarticulação, fragmentação e mistura temporal. Conclui-se, então, que o tipo de sistema fluvial influenciará diretamente na preservação da tafocenose, portanto, análises tafonômicas acuradas servem para refinar propostas bioestratigráficas e análises envolvendo Estratigrafia de Seqüências Fluvial podem ser utilizada como ferramenta na interpretação isotafonômica de assembléias de vertebrados.

ASSUNTO(S)

tafonomia rio grande do sul paleovertebrados san josé (uruguai) triassico sistemas fluviais

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