Suspensão de anti-retrovirais após o parto e a ocorrência de rebote da carga viral em mulheres infectadas pelo HIV
AUTOR(ES)
Ines Katerina Damasceno Cavallo
DATA DE PUBLICAÇÃO
2008
RESUMO
O benefício da terapia anti-retroviral (TARV) na redução da transmissão mãe-filho já está bem estabelecido na literatura, entretanto, as conseqüências em longo prazo para essas mulheres ainda permanecem desconhecidas. Considerando-se a escassez de dados na era da TARV combinada sobre o comportamento da carga viral após o parto e suas possíveis conseqüências para as mulheres, o objetivo deste trabalho foi avaliar as alterações da carga viral e contagem de linfócito T CD4 positivo (LT-CD4+) seis meses após o parto e comparar essas alterações entre o grupo de mulheres que fizeram uso de TARV terapêutica e profilática. Trata-se de um estudo longitudinal, observacional, no qual foram avaliadas 112 mulheres; 60 receberam TARV profilática durante a gestação e 52 receberam TARV terapêutica, no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2007. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UFMG. Foi avaliada a ocorrência de rebote da carga viral em ambos os grupos e avaliados os fatores relacionados a esse rebote; 50 pacientes (84,7%) do grupo profilático tiveram rebote da carga viral contra apenas nove (15,3%) do grupo terapêutico (p=0,000). Tiveram diagnóstico da infecção durante a gestação atual ou anterior 42 pacientes com rebote (80,8%) e apenas 57,5% das sem rebote (p=0,015). No grupo com rebote, 84,9% não tinham critérios diagnósticos para síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS); no grupo sem rebote, 58,8% já tinham diagnóstico de AIDS (p=0,000). Além disso, o grupo com rebote da carga viral apresentou declínio na contagem de LT-CD4+ no sexto mês após o parto em 30,4% das pacientes, contra apenas 2,0% das pacientes sem rebote (p=0,000). Os grupos também diferiram quanto ao número de gestações, que foi mais alto no grupo sem rebote (p=0,020), ao número de consultas de pré-natal, mais alto também no grupo sem rebote (p=0,001), e na idade de início do pré-natal, sendo o início mais precoce no grupo sem rebote (p=0,012). Após análise multivariada, as variáveis que estatisticamente permaneceram relacionadas ao rebote da carga viral no sexto mês após o parto foram: tipo de TARV, declínio de LT-CD4+ e número de consultas de pré-natal. Portanto, pode-se concluir que, neste estudo, a suspensão dos antiretrovirais após o parto promoveu significativo aumento da carga viral, associado ao declínio na contagem de LT-CD4+.
ASSUNTO(S)
dissertações acadêmicas dec linfócitos t cd4-positivos decs dissertação da faculdade de medicina da ufmg. anti-retrovirais decs carga viral decs infecções por hiv decs gestantes decs obstetrícia teses. ginecologia teses. período pós-parto decs
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/1843/ECJS-7SAHAZDocumentos Relacionados
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