Suplementação nitrogenada ruminal e/ou abomasal em bovinos alimentados com forragem tropical / Ruminal and/or abomasal nitrogenous supplementation in cattle fed tropical forage

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

26/07/2011

RESUMO

Objetivou-se com este trabalho avaliar os efeitos da suplementação com compostos nitrogenados no rúmen e/ou no abomaso sobre o consumo, a digestiblidade, a dinâmica ruminal dos compostos fibrosos e os parâmetros do metabolismo dos compostos nitrogenados em bovinos alimentados com forragem tropical. O experimento foi conduzido entre os meses de junho de 2010 e fevereiro de 2011, sendo utilizados 4 novilhos Nelore, não castrados, com peso corporal médio (PC) de 22711 kg, fistulados no rúmen e no abomaso. Foram avaliados os seguintes tratamentos: controle (somente forragem basal); suplementação nitrogenada ruminal (fornecimento diário de 230 g de proteína suplementar no rúmen); suplementação nitrogenada abomasal (fornecimento diário de 230 g de proteína suplementar no abomaso) e suplementação nitrogenada ruminal e abomasal (fornecimento diário de 230 g de proteína suplementar, sendo 115 g no rúmen e 115 g no abomaso). A alimentação volumosa basal foi constituída por feno de tifton 85 (Cynodon spp), com nível de proteína bruta (PB) médio de 78,4 g/kg com base na matéria seca (MS). O experimento foi implementado e analisado, segundo delineamento em quadrado latino 4 x 4 balanceado para efeitos residuais, com quatro tratamentos, quatro animais e quatro períodos experimentais com 29 dias cada. Os períodos experimentais constaram de três fases ou subperíodos. No primeiro, avaliou-se a resposta animal em termos de consumo sem suplementação. No segundo subperíodo foi avaliada a intensidade de resposta animal em termos de evolução do consumo em resposta à suplementação. Na terceira fase de cada período, pressupondo-se que os animais estivessem apresentando respostas estáveis à suplementação, procedeu-se às avaliações relativas aos coeficientes de digestibilidade, à dinâmica ruminal dos compostos fibrosos e ao metabolismo dos compostos nitrogenados. Não foram observados efeitos (P>0,10) de tratamentos sobre os consumos voluntários de MS e de fibra em detergente neutro (FDN) durante os dois primeiros subperíodos experimentais. Na avaliação do consumo durante a fase pressuposta com resposta estável à suplementação, não foram verificadas diferenças (P>0,10) entre tratamentos sobre o consumo de forragem e de FDN. Contudo, o consumo de PB foi incrementado com o fornecimento de suplemento (P<0,10), não diferindo entre os locais de suplementação. O coeficiente de digestibilidade total da PB foi ampliado (P<0,10) pela suplementação em relação ao controle, não havendo diferenças (P>0,10) entre os locais de suplementação. O coeficiente de digestibilidade ruminal da PB foi superior (P<0,10) com a suplementação ruminal em comparação ao controle e à suplementação ruminal/abomasal, os quais, por sua vez, propiciaram maiores estimativas (P<0,10) em comparação à suplementação exclusivamente abomasal. Ressalta-se que o coeficiente de digestibilidade ruminal da PB foi positivo para a suplementação ruminal e negativo para os demais tratamentos. Todos os tratamentos diferiram entre si (P<0,10) quanto ao coeficiente de digestibilidade intestinal da PB, sendo, em ordem decrescente: suplementação abomasal, suplementação ruminal/abomasal, suplementação ruminal e controle. Houve efeito de tratamentos (P<0,10) sobre a massa de PB digerida no intestino (PDI), sendo que maior PDI foi verificada para a suplementação abomasal em comparação com a suplementação ruminal/abomasal e o tratamento controle, o tratamento envolvendo suplementação ruminal situou-se em posição intermediária entre esses. O fluxo intestinal de compostos nitrogenados microbianos e a eficiência de síntese microbiana não diferiram entre os tratamentos (P>0,10). Não houve efeito (P>0,10) dos tratamentos sobre as taxas de degradação e passagem ruminal da FDN. Maiores concentrações de nitrogênio amoniacal ruminal (NAR; P<0,10) foram verificadas para a suplementação ruminal em comparação ao controle e à suplementação abomasal, que não difeririam entre si (P>0,10). A suplementação ruminal/abomasal propiciou concentração de NAR intermediária no perfil de comparações múltiplas. A concentração de nitrogênio uréico no soro (NUS) foi superior (P<0,10) com a suplementação ruminal em comparação à suplementação ruminal/abomasal, a qual, por sua vez, foi superior em relação ao controle (P<0,10). A concentração média de NUS obtida com a suplementação abomasal posicionou-se de forma intermediária aos demais esquemas de suplementação, não diferindo de ambos (P>0,10). O balanço aparente de compostos nitrogenados (BN) foi incrementado (P<0,10) com o fornecimento de suplementação nitrogenada em relação ao tratamento controle, independente do local de fornecimento do suplemento. Não foram verificadas diferenças (P>0,10) entre tratamentos quanto à eficiência de utilização do nitrogênio. No entanto, a suplementação elevou, em média, em 350% a eficiência de utilização do nitrogênio absorvido. O tratamento controle apresentou maior (P<0,10) excreção urinária de 3-metil histidina em relação aos tratamentos com suplementação, os quais não diferiram entre si (P>0,10). A suplementação de bovinos alimentados com forragem tropical com compostos nitrogenados no rúmen e/ou no pós-rúmen eleva de forma similar a retenção e a eficiência de utilização dos compostos nitrogenados. Contudo, os mecanismos metabólicos envolvidos na melhoria da eficiência são diferentes, sendo baseados na ampliação do pool de nitrogênio amoniacal no rúmen para a suplementação ruminal e na ampliação da massa de proteína digerida no intestino delgado para a suplementação pós-ruminal.

ASSUNTO(S)

compostos nitrogenados suplementação balanço de nitrogênio nutricao e alimentacao animal nitrogen compounds supplementation nitrogen balance

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