Suplementação da população de bugios-pretos (Alouatta caraya) no campus da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto pela soltura de indivíduos cativos - estudo do comportamento / Supplementation of the population of black howler-monkey (Alouatta caraya) on the campus of campus of University of São Paulo in Ribeirão Preto for the release of captive individuals the study of behavior
AUTOR(ES)
Marcelí Joele Rossi
FONTE
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
09/09/2011
RESUMO
O campus da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto consiste em uma área de 450 ha, caracterizada por um mosaico de remanescentes de mata e construções, sendo uma das maiores áreas verdes do município. Para suplementar a população de bugios-pretos (Alouatta caraya) existente no campus, este estudo realizou a soltura de um casal cativo. O grupo residente, composto por quatro bugios, foi rastreado seis dias por mês num período de seis meses para verificação da área de vida com finalidade de definir uma área para a soltura do casal. Um macho adulto e uma fêmea subadulta foram unidos em cativeiro no Parque Municipal Morro de São Bento. A formação do casal foi realizada em três fases (familiarização, junção e pós-junção) com gradativo aumento de aproximação. O padrão de atividades foi registrado pelo método de varredura a cada 5 minutos por 2 horas durante 10 dias (para cada fase). Os valores obtidos ficaram próximos ao relatado para o gênero, com aumento do comportamento social no decorrer das fases: 4,4 16 e 35,2% (p<0,001). O casal foi transferido para um cativeiro na área de soltura, onde permaneceu por 44 dias. Neste período foi realizada a avaliação pré-soltura e a reeducação alimentar. Na avaliação pré-soltura foi verificado que a mudança de área não afetou significativamente o comportamento social do casal, cujo valor obtido foi de 29% (p=0,083 em comparação com o valor obtido na última fase da formação do casal). Na reeducação alimentar, gradativamente a dieta inicial de 2000 g de frutas por dia, teve 1200 g substituídas por folhas de cinco espécies vegetais. A soltura do casal foi realizada no dia 10 de novembro de 2009. O casal foi acompanhado das 6 às 18 h, quatro dias por mês num período de um ano novembro/09 à outubro/10, com exceção de janeiro/10 com total de 528 h de observação. O padrão de atividades foi registrado pelo método de varredura a cada 20 minutos. Durante o ano, o casal dedicou 61,7% do tempo para descanso, 5,9% para locomoção não-direcional, 6,1% para locomoção direcional, 10,9% para alimentação e 15,4% para comportamento social. A locomoção direcional, comportamento que melhor expressa a exploração da área, teve os registros de cada mês comparados com sua média anual (18,6). Os meses dezembro, fevereiro e março apresentaram registros acima da média, sendo o mês de dezembro significativamente maior (p<0,001). Os meses maio, junho, julho, agosto, setembro e outubro, apresentaram registros menores, sendo o mês de julho significativamente menor (p=0,032). A alimentação foi registrada pelo método 1-0 a cada 5 minutos. Durante o ano, o casal utilizou 146 indivíduos (árvores e lianas) de 38 espécies pertencentes a 18 famílias. As seis espécies mais consumidas correspondem a 61,3% do total de registros: Maclura tinctoria (14,8%), Leucaena leucocephala (13,3%), Ficus insipida (11,8%), Handroanthus impetiginosus (7,6%), Poincianella pluviosa (7%) e Terminalia catappa (6,8%). O total de espécies consumidas em cada mês foi comparado com a média anual de 9,8. Os meses de dezembro, fevereiro, março, abril e maio apresentaram mais espécies consumidas que a média. Os meses junho, julho, agosto, setembro e outubro apresentaram menos espécies que a média, sendo o mês de julho significativamente menor (p=0,033). A área de vida foi registrada pelo método de varredura a cada 1 hora. Durante o ano, o casal utilizou 50 quadrantes de 50 x 50 m (0,25 ha), totalizando uma área de 12,5 ha. O total de quadrantes utilizados por mês foi comparado com a média anual de 9. Os meses de dezembro, fevereiro e março apresentaram maior quantidade de quadrantes utilizados que a média, sendo os meses de dezembro e março significativamente maiores (p=0,039 e p=0,025). Os meses junho, julho, agosto, setembro e outubro apresentaram menor quantidade de quadrantes utilizados que a média. Foram encontradas duas áreas centrais (utilização >10%), ambas correspondem à localização dos recursos alimentares mais utilizados e bambuzais altos e densos utilizados como árvores-dormitório. Com esses resultados, foi possível verificar que o casal explorou a área desconhecida até o 5° - 6° mês de soltura. A partir daí, espécies vegetais e quadrantes foram selecionados, evidenciando que o casal se organizou para atingir o equilíbrio das suas necessidades energéticas. Portanto, podemos concluir que já no primeiro ano o casal de bugios se adaptou ao campus, pois garantiu sua sobrevivência. Com um ano e meio de soltura ocorreu o nascimento do primeiro filhote, acrescentado que, além da sobrevivência o casal também garantiu sua reprodução.
ASSUNTO(S)
acompanhamento pós-soltura alouatta caraya alouatta caraya management of captive animals manejo de animais cativos post-release monitoring. release soltura suplementação supplementation
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