Suplementação com cholecalciferol em pacientes com doença renal crônica e hipovitaminose D / Cholecalciferol supplementation in chronic kidney disease patients with vitamin D insufficiency: a 6-month follow-up

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

22/02/2011

RESUMO

Considerando a elevada prevalência de hipovitaminose D em pacientes na fase não dialítica da doença renal crônica (DRC) e os efeitos benéficos da restauração do estado nutricional de vitamina D nos pacientes com DRC nos parâmetros do metabolismo mineral, os guias de práticas clínicas para prevenção e tratamento dos distúrbios do metabolismo mineral ósseo, Kidney Disease Outcomes Quality Initiative (K-DOQI) e Kidney Disease Improving Global Outcomes (KDIGO), sugerem a suplementação com vitamina D (ergocalciferol ou colecalciferol) para pacientes com DRC na fase não dialítica com hipovitaminose D. No entanto, poucos estudos avaliaram o efeito da suplementação nessa população. Dessa forma, este estudo tem como objetivo investigar os efeitos da suplementação com colecalciferol sobre marcadores séricos do metabolismo mineral de pacientes com hipovitaminose D na fase não dialítica da DRC. Estudo 1. Suplementacao com colecalciferol na doenca renal cronica: restauracao do estado nutricional de vitamina D e impacto sobre o paratormonio. O estudo foi prospectivo com duracao de 6 meses. Foram incluidos 45 pacientes com deficiencia de vitamina D 25-hidroxivitamina D [25(OH)D] <15 ng/mL. Os pacientes foram suplementados com 50.000 UI/semana de colecalciferol durante 3 meses, sendo que naqueles que alcancaram niveis de 25(OH)Dd 30 ng/mL a dose foi modificada para 50.000 UI/mes durante os proximos 3 meses. Para os demais pacientes, a mesma dose inicial foi mantida por mais 3 meses. Apos o inicio da suplementacao observou-se um aumento significativo nos niveis de 25(OH)D no tempo 3 e no tempo 6. Nos primeiros 3 meses de suplementacao, 78% dos pacientes atingiram niveis de 25(OH)Dd 30 ng/mL. No entanto, apos o ajuste da dose, somente 43% mantiveram esses niveis. Houve uma diminuicao nos niveis de paratormonio (PTH) no tempo 3, periodo em que os pacientes receberam a maior dose de colecalciferol. As mudancas nos niveis de 25(OH)D durante os 3 meses correlacionaram-se positivamente com as mudancas dos niveis de 1,25-diidroxivitamina D [1,25(OH)2D] (r= 0,37; P= 0,01). As variacoes nos niveis de PTH correlacionaram-se inversamente com as mudancas nos niveis de calcio serico (r= -0,42; P= 0,004) e diretamente com as mudancas na creatinina serica (r= 0,38; P= 0,01). A analise de regressao logistica incluindo a proteinuria do inicio do estudo e as mudancas nos niveis sericos de creatinina, demonstrou que o excesso de adiposidade foi o principal fator associado com uma menor resposta a suplementacao nos primeiros 3 meses (IMC d 25 kg/m2: Ò= 2,35, EP= 1,15, P= 0,04; indice de gordura do tronco: Ò= 2,59, EP= 1,13, P= 0,02). Este estudo concluiu que o tratamento com 50.000 UI por semana de colecalciferol foi efetivo em restaurar o estado nutricional de vitamina D na maioria dos pacientes sem apresentar efeitos adversos. A restauracao dos niveis de vitamina D resultou na diminuicao do PTH mesmo com uma reducao da funcao renal. Estudo 2. Suplementacao com colecalciferol em pacientes com doenca renal cronica e insuficiencia de vitamina D. O estudo foi prospectivo com duracao de 6 meses, randomizado e cego. Foram incluidos 75 pacientes com insuficiencia de vitamina D [25(OH) D d 15 e <30 ng/mL. Os pacientes foram tratados de acordo com a recomendacao de suplementacao proposta pelo K-DOQI para pacientes com insuficiencia de vitamina D (50.000 UI de colecalciferol mensalmente durante 6 meses). Os mesmos foram aleatoriamente alocados em dois grupos: Grupo Colecalciferol (n= 38 pacientes) ou Grupo Placebo (n= 37 pacientes). O grupo colecalciferol recebeu durante todo periodo de estudo 50.000 UI de colecalciferol mensalmente. Todos os pacientes incluidos no estudo receberam protetor solar durante o periodo de suplementacao. Apos o periodo de suplementacao houve um aumento significativo nos niveis de 25(OH)D no grupo colecalciferol. Com relacao aos demais parametros do metabolismo mineral, nao foram observados modificacoes em nenhum dos parametros durante o seguimento. Apos 6 meses de suplementacao, 46% dos pacientes tratados nao atingiram niveis de 25(OH)D >30 ng/mL. Esses pacientes apresentaram uma maior quantidade de gordura corporal quando comparados com aqueles que alcancaram esses niveis. Ja no grupo placebo, 40,5% dos pacientes atingiram niveis de 25(OH)D >30 ng/mL no tempo 6. A epoca da coleta (verao/outono) para a determinacao dos niveis de 25(OH)D no tempo 6 foi o unico parametro que diferiu dos demais pacientes que mantiveram os niveis de 25(OH)D<30 ng/mL. Em resumo, os resultados do presente estudo demonstram que o protocolo de tratamento proposto pelo K-DOQI parece nao ser adequado para restaurar o estado nutricional de vitamina D em pacientes com insuficiencia desta vitamina. No entanto, a gordura corporal e a epoca da coleta sao fatores que podem ter contribuido para o achado negativo deste estudo.

ASSUNTO(S)

doença renal crônica hipovitaminose d vitamina d adiposidade hiperparatireoidismo secundário nutricao chronic kidney disease vitamin d cholecalciferol adiposity season

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