Super-homem moderno: análise da relação trabalha-saúde de gerentes de bancos públicos e privados

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Por muito tempo, os estudos relativos aos gerentes foram interditados, em parte, devido à imagem de representantes e defensores dos interesses das organizações que os mesmos possuíam perante a sociedade. Atualmente, com a reestruturação produtiva, a categoria gerencial, antes preservada, passa a ser alvo da instabilidade e da intensificação do trabalho. Tal situação é particularmente evidente no caso dos gerentes do setor financeiro, que, devido à concorrência acirrada que caracteriza esse setor, são submetidos a uma pressão constante por resultados. Tais considerações motivaram o presente estudo, que tem como objetivo geral analisar a relação entre o trabalho e a saúde de gerentes de bancos públicos e privados, da cidade de João Pessoa (Pb) e como objetivos específicos identificar as formas de inserção e de formação profissional na carreira gerencial; investigar o conteúdo e as especificidades do trabalho gerencial; delinear as condições e a organização do trabalho dos gerentes de banco; identificar as fontes de sofrimento/ prazer no trabalho, bem como a dinâmica do reconhecimento; analisar os modos de gestão adotados pelos gerentes na relação trabalho e vida privada; e descrever os processos saúde doença dos gerentes, relacionando-os com sua atividade. O aporte teórico desse estudo reúne contribuições oriundas da Ergologia; Psicodinâmica do Trabalho; Ergonomia da Atividade e Clínica da Atividade. Quanto ao Método, privilegiou-se a entrevista semi-estruturada, tendo em vista o interesse em acessar as vivências, singularidades e perspectivas dos gerentes de banco em relação ao seu trabalho. Participaram desta pesquisa 16 gerentes de bancos públicos e privados da cidade de João Pessoa, que ocupavam gerências gerais e intermediárias. A análise dos dados foi conduzida através da análise de conteúdo temática. No que se refere aos Resultados, identificamos que a gestão por metas regula a atividade dos gerentes diariamente e, para alguns deles, esse monitoramento de prazos e resultados chega a ser sufocante. Os gerentes apontaram também como fontes de sofrimento a falta de reconhecimento por parte dos superiores e da sociedade; o relacionamento ruim com os pares e/ ou equipe; as demissões e aspectos decorrentes da Organização de Trabalho (jornada de trabalho, pressão por resultados, decisões sobre as quais não se tem autonomia e falhas no sistema do banco). Como principais fontes de prazer no trabalho gerencial, eles ressaltaram o reconhecimento por parte dos pares, dos clientes e da sociedade; e o salário. Nesse contexto de dificuldades, contradições e imprevistos, os pares surgem como instrumento valioso de aprendizado e tutoria, por meio da troca de seus saberes práticos. Sobre a saúde, identificamos que os principais sintomas relacionados ao trabalho gerencial foram a LER (Lesão por esforço repetitivo), a síndrome do túnel de carpo, problemas de coluna, problemas gastrintestinais (úlcera, gastrite, falta de apetite), colesterol alto, problemas na visão e dermatite, além dos sintomas psíquicos: nervosismo, irritabilidade, alterações do sono (insônia e pesadelos com o trabalho), depressão, tensão, estresse e dificuldade de concentração. Outro elemento de destaque nas entrevistas foi o risco, tanto no que se refere às operações financeiras, quanto relativo à segurança pessoal (riscos de assalto e seqüestro); o que resulta em insegurança para os gerentes e seus familiares. Observamos ainda que, em muitas situações, há uma influência negativa do trabalho nas relações familiares, visto que os gerentes lidam com uma carga de trabalho e uma responsabilidade muito grandes, o que faz com que cheguem em casa sempre preocupados e cansados. Além do mais, o sentimento de que devem estar sempre disponíveis para a empresa faz com que deixem sua família em segundo plano.

ASSUNTO(S)

trabalho psicologia social health gerentes de banco work bank managers saúde

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