Sujeitos da educação e práticas disciplinares: uma leitura das reformas educacionais mineiras a partir da Revista do Ensino (1925-1930)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2001

RESUMO

Esta pesquisa refere-se à relação entre os diversos sujeitos da educação e as práticas disciplinares tal como foi compreendida em duas reformas mineiras do ensino (1925 e 1927) e divulgada nos seis anos iniciais do mais importante canal de comunicação do governo mineiro para com os professores do Estado: a Revista do Ensino. A análise das propostas dos reformadores para a disciplina escolar baseou-se em três eixos que constituem as partes deste trabalho. O primeiro desses eixos, tratado na primeira parte, refere-se às Reformas, ao periódico e suas contribuições relacionadas ao novo modelo disciplinar que se pretendia implantar no sistema educacional mineiro. Baseadas nas propostas do movimento escolanovista e das discussões em torno da Escola Ativa e adaptando-as às necessidades e interesses locais, os reformadores propunham uma escola renovada, moderna e ofereciam um conjunto de práticas disciplinares que prometiam a implantação de uma escola alegre, festiva, sem castigos e punições, produtiva e disciplinada. O papel da escola expandia-se não somente para o atendimento a classes sociais desfavorecidas, assim como pretendia muito mais que instruir, educar. A segunda parte do trabalho e que se refere ao segundo eixo constitui-se de uma análise dos sujeitos envolvidos na missão disciplinar e educadora da escola. A família, a sociedade, os médicos, os alunos e principalmente os professores eram encarregados de uma tarefa que consistia em se reformarem para, posteriormente, reformarem a sociedade. Aos professores era destinada a maior parte das tarefas e, segundo os reformadores, nada seria feito se os mestres não mudassem a realidade atrasada e sombria da escola. Investimentos altos eram feitos, portanto, na sua capacitação. Entre eles destaca-se a própria Revista do Ensino, que consistia num sistema eficiente e barato de comunicação e atingia as mais longínquas regiões do Estado. Como forma de subsidiar as discussões disciplinares que envolviam o conhecimento da criança, suas características e dando um respaldo científico para as ações que se pretendia na escola, utilizavam-se os conhecimentos da Estatística, da Arquitetura, das Ciências Médicas, da Educação Física e, principalmente, da Psicologia. Com base em pesquisas e testes psicológicos, podia se afirmar que as reformas estavam assentadas sobre o que de mais novo, moderno e atualizado se conhecia em termos de educação. A partir daí, seria possível também criticar os modelos tidos como ultrapassados e retrógrados, como a utilização dos castigos físicos, por exemplo. A análise desses elementos que fazem parte do terceiro eixo constitui a terceira parte da dissertação. Com características peculiares, portanto, puderam os reformadores mineiros realizar uma fusão de diversos modelos aparentemente contraditórios, mas que faziam sentido na lógica da educação no Estado. Reunindo uma profunda religiosidade com as recentes descobertas científicas do período e ainda utilizando métodos da tão criticada Escola Antiga, como o método intuitivo, formava-se o modelo disciplinar que partia da escola e estendia-se para toda a sociedade. Educar era, nesse sentido, preparar cidadãos para a implantação de um país moderno, industrializado, urbanizado, cuja construção dependeria tão somente de braços e mentes eficientemente preparados para tal.

ASSUNTO(S)

reforma do ensino minas gerais teses educação teses

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