Sucessão florestal em área atingida por tempestade convectiva na região de Manaus, Amazônia Central

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/03/2010

RESUMO

Sucessão florestal em área atingida por tempestade convectiva na região de Manaus, Amazônia Central - Distúrbios naturais participam do processo de formação e transformação da paisagem. Todavia, a mudança de padrões fisiográficos e bióticos das populações afetadas não está relacionada apenas com a ocorrência de distúrbios. Na floresta amazônica, ventos com alto poder destrutivo são produzidos por tempestades convectivas, as quais são originadas em linhas de instabilidade, por meio do contraste de pressão e temperatura de diferentes massas de ar. Esses distúrbios são acompanhados por chuvas torrenciais, fortes ventos e descargas elétricas, que podem provocar alta mortalidade de árvores e vir a modificar a estrutura e o dossel das florestas. Entretanto, as conseqüências dos efeitos destas tempestades sobre a estrutura e o processo de sucessão, ainda são desconhecidos. Este trabalho descreveu a composição florística e a estrutura horizontal de uma floresta perturbada pela passagem de uma tempestade convectiva, que assolou a região central da Amazônia em Janeiro de 2005. O trecho de floresta perturbada foi comparado com um trecho de floresta adjacente não-perturbado, o qual não sofre intervenções antrópicas há pelo menos 100 anos. A chuva de sementes na floresta perturbada também foi acompanhada. O trabalho foi desenvolvido na região noroeste da cidade de Manaus em uma floresta de terra firme, localizada na bacia do rio Cuieiras (0233 S; 6016 W). As 1.944 árvores amostradas na floresta perturbada se distribuem por 50 famílias, 143 gêneros e 284 espécies. Nesta floresta, cinco anos após o distúrbio, a densidade (442,6 46,5 ind.ha-1) e a área basal (17,6 3,2 m2.ha-1) do estrato mais danificado são inferiores às encontradas para a floresta não-perturbada (584,3 25,9 ind.ha-1 e 27,4 1,8 m2.ha-1, respectivamente). Porém, a distribuição diamétrica da comunidade arbórea da floresta perturbada não difere da distribuição diamétrica da floresta não-perturbada (teste X: p= 0,983), o que indica que a tempestade matou árvores de todas as classes de tamanho. A densidade de indivíduos mortos no estrato mais danificado da floresta perturbada é diferente da floresta não-perturbada (p<0,001). Na floresta perturbada, a densidade de indivíduos mortos nas áreas de encosta (130,8 32,9 ind.ha-1) foi superior à densidade de indivíduos mortos nas áreas de platô (93,7 33,7 ind.ha-1) e de baixio (72,7 29,9 ind.ha-1). Os valores de riqueza (284 espécies) e diversidade (H= 4,77 nats.ind.- 1) da floresta perturbada são inferiores aos valores encontrados na floresta não-perturbada (917 e 5,85, respectivamente). Todavia, a riqueza e a diversidade de espécies da floresta perturbada são similares às encontradas em outras florestas de terra firme da Amazônia Central. A densidade de espécies pioneiras nas grandes clareiras foi maior do que nas áreas intactas. Provavelmente, mudanças nas condições ambientais nas áreas de grandes clareiras favoreceram o estabelecimento de tais espécies. Ao longo de um ano foram coletadas 5.366 sementes e/ou propágulos na chuva de sementes da floresta perturbada. Foram reconhecidas 232 morfoespécies e a densidade média de sementes foi de 24,8 16,9 sementes.(m2)-1.ano-1 (IC= 95%). A riqueza média foi de 14,9 0,3 espécies.(m2)-1.ano-1 (IC= 95%), valor este que variou ao longo dos meses (p<0,00001).

ASSUNTO(S)

degradação florestal amazônia downburst blowdown sucessão secundária distúrbios naturais manejo florestal

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