Substituição do farelo de algodão por uréia ou da silagem de milho pelo feno de capim-mombaça em dietas de bovinos de corte / Replacement of cottonseed meal for urea or of corn silage for Mombaça hay in beef cattle diets

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O presente trabalho foi desenvolvido a partir de quatro experimentos, os quais foram conduzidos na Central de Experimentação, Pesquisa e Extensão do Triângulo Mineiro (CEPET) UFV, de julho a novembro de 2004. Os experimentos 1 e 2 foram realizados para avaliar os efeitos de diferentes níveis de proteína bruta (PB) e substituição do farelo de algodão por uréia (U) sobre o consumo e digestibilidades aparente total e parcial dos nutrientes, o desempenho, os parâmetros ruminais, a eficiência microbiana e o balanço de compostos nitrogenados (BN) em bovinos de corte. No Experimento 1, foram utilizados 30 bovinos mestiços Holandês x zebu (HxZ), não castrados, com peso vivo inicial médio (PVI) de 357 27,15 kg, distribuídos em cinco blocos casualizados, para avaliar o consumo, a digestibilidade dos nutrientes e o desempenho. O experimento foi realizado num esquema fatorial 2x3, sendo dois níveis de PB (10,5 e 12,5%) e três níveis de substituição do farelo de algodão por uréia (0, 50 e 100%). As dietas consistiram de 65% de silagem de sorgo e 35% de concentrado, % na matéria seca (MS). Não houve efeito de PB, de uréia e nem da interação níveis de PB x uréia para o consumo de todos os nutrientes, excetuando- se o dos carboidratos não fibrosos (CNF), que foi afetado pelos níveis de PB, registrando-se maior valor na dieta com 10,5% de PB. O nível de 12,5% de PB promoveu maior digestibilidade de MS, matéria orgânica (MO), PB, fibra em detergente neutro (FDN) e dos CNF. Com exceção da digestibilidade da PB, que foi maior com 100% de uréia, a substituição do farelo de algodão por uréia não influenciou a digestibilidade dos demais nutrientes. O ganho médio diário (GMD), o ganho médio diário de carcaça (GMDC), a conversão alimentar (CA) e o rendimento de carcaça (RC %) não diferiram entre os tratamentos, registrando-se valores médios de 1,36 kg/dia, 0,84 kg/dia, 7,54 e 53,49%, respectivamente. No Experimento 2, foram utilizados quatro novilhos mestiços (HxZ), castrados, com PVI de 226 24,56 kg, fistulados no rúmen e abomaso, distribuídos num quadrado latino 4x4, para se avaliar o consumo e a digestibilidade aparente total e parcial dos nutrientes, os parâmetros ruminais, a eficiência microbiana e o BN. O experimento foi realizado num esquema fatorial 2x2, sendo dois níveis de PB (10,5 e 12,5%) e dois níveis de substituição do farelo de algodão por uréia (0 e 100%). Utilizaram-se as dietas descritas no Experimento 1. Com exceção dos consumos de PB, proteína degradável no rúmen (PDR) e nutrientes digestíveis totais (NDT), que foram maiores com animais submetidos a dietas com 12,5% de PB, o consumo dos demais nutrientes não foi influenciado pelos níveis de PB. A substituição total do farelo de algodão por uréia promoveu menores consumos de MS, MO, FDN e dos CNF. O nível de 12,5% de PB promoveu maior digestibilidade aparente total da PB e dos CNF e maior digestibilidade ruminal da PB. Já as digestibilidades aparentes total e parcial dos demais nutrientes não foram influenciadas pelos níveis de PB. Observaram-se maiores digestibilidades aparentes total e ruminal de PB e FDN para as dietas contendo 100% de uréia. O pH e a concentração ruminal de N-NH3, em mg/dL, foram influenciados pelas dietas, tempos de coleta e pela interação dieta x tempos de coleta. A eficiência microbiana não foi influenciada pelas dietas, verificando-se valor médio de 123,05 g PBMic/kg NDT. O nível de 12,5% de PB e a substituição total do farelo de algodão por uréia promoveram maiores concentrações de nitrogênio uréico no soro (NUS) e excreções urinárias de N-total (NUT) e N-uréico (NUU), influenciando negativamente o BN. O nível de 10,5% de PB e a substituição total do farelo de algodão por uréia podem ser utilizados em dietas para bovinos de corte, uma vez que não influenciam o consumo, o desempenho e a eficiência microbiana, além de promoverem maior eficiência de utilização do N ingerido. Os experimentos 3 e 4 foram conduzidos para avaliar o consumo e as digestibilidades aparente total e parcial dos nutrientes, o desempenho, parâmetros ruminais, a eficiência microbiana e o BN em bovinos de corte alimentados com dietas contendo silagem de milho (SM) e feno de capim- mombaça (FM) nas seguintes proporções (%) do volumoso: 100SM:0FM; 65SM:35FM; 35SM:65FM e 0SM:100FM. A relação volumoso:concentrado utilizada foi de 65:35, % na MS. As dietas, isonitrogenadas, foram formuladas para conter aproximadamente 12% de PB, com base na MS. No Experimento 3, foram utilizados 24 novilhos Nelore, castrados, com PVI de 334 41,11 kg, para se avaliar o consumo e a digestibilidade dos nutrientes e o desempenho. O aumento dos níveis de feno no volumoso influenciou quadraticamente os consumos de MS, MO, PB, EE, FDN e NDT, independentemente da forma de expressão, registrando-se valores máximos, de 8,28; 7,83; 1,10; 0,25; 3,74 e 5,50 kg/dia, para dietas com 39,78; 39,15; 43,63; 10,5; 69,67 e 32,19% de feno, respectivamente, sendo o consumo dos CNF influenciado negativamente pelo nível de feno no volumoso. As digestibilidades totais da MS, MO e dos CNF diminuíram, enquanto a digestibilidade total da PB aumentou linearmente com o incremento de feno. As digestibilidades totais do EE e da FDN não foram influenciadas pelas dietas, registrando-se valores médios de 75,93 e 53,16%, respectivamente. O ganho médio diário (GMD) decresceu a partir do nível de 65% de substituição da silagem de milho pelo feno, enquanto a conversão alimentar (CA) aumentou a partir do nível de 35% de substituição. No Experimento 4, foram utilizados quatro novilhos mestiços (HxZ), castrados, com PVI de 226 12,34 kg, fistulados no rúmen e abomaso, distribuídos num quadrado latino 4x4, para se avaliar o consumo, as digestibilidades aparentes total e parcial dos nutrientes, os parâmetros ruminais, a eficiência microbiana e o BN. Utilizaram-se as dietas descritas no experimento 3. Embora o consumo de FDN tenha aumentado linearmente, os consumos de MS, MO, PB, EE, CNF e NDT, independentemente da forma de expressão, decresceram linearmente com o incremento dos níveis de feno no volumoso. As digestibilidades aparentes totais de MS, MO e CNF decresceram linearmente e, as de PB e FDN, aumentaram linearmente com a substituição da silagem de milho por feno. Excetuando-se a digestibilidade aparente ruminal dos CNF, que decresceu e, a digestibilidade intestinal da PB e dos CNF, que aumentaram linearmente, as digestibilidades aparentes parciais dos demais nutrientes não foram influenciadas pelos níveis de feno no volumoso. Para o pH e a concentração ruminal de N-NH3 (mg/dL), foram ajustados modelos de superfície de resposta em função dos níveis de feno e dos tempos de coleta sendo, seus valores, independentemente da dieta ou tempo, adequado para o crescimento dos microrganismos ruminais. Não houve efeito das dietas sobre a eficiência microbiana, verificando-se valor médio de 143,68 g PBMic/kg NDT. A ingestão de N diminuiu linearmente com o aumentos do nível de feno no volumoso. Contudo, o incremento dos níveis de feno promoveu aumento linear da concentração de NUS e das excreções de NUT e NUU, causando decréscimo linear no BN, em g N/dia ou % do N ingerido. A utilização do feno de capim-mombaça de baixa qualidade, em substituição a silagem de milho, compromete o consumo e a digestibilidade dos nutrientes, a síntese de proteína microbiana, além de promover maiores perdas do nitrogênio ingerido. No entanto, o ganho em peso dos animais não é influenciado até o nível de 35% de substituição da silagem de milho pelo feno, sendo recomendado não excedê-lo.

ASSUNTO(S)

feedlot silagem de sorgo pastagem e forragicultura sorghum silage crude protein levels confinamento níveis de proteína bruta

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