Subsídios ao extrativismo de briófitas no município de Cananéia, SP

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O manejo de espécies florestais não madeireiras é uma importante alternativa para a manutenção das florestas. Contudo, a demanda por algumas espécies em escala comercial pode resultar em impactos negativos sobre a biodiversidade local. As briófitas, particularmente espécies dos gêneros Sphagnum e Syrrhopodon, estão entre os recursos vegetais explorados em áreas de restinga no município de Cananéia, litoral sul do Estado de São Paulo. Após a organização dos extrativistas em uma associação a extração passou a ser exercida legalmente em áreas licenciadas. A coleta das briófitas pela população local visa atender ao mercado de plantas ornamentais, porém, há carência de estudos que avaliem o impacto da exploração e que forneçam informações para o manejo adequado destes recursos. A fim de fornecer subsídios ao extrativismo e manejo das briófitas Sphagnum e Syrrhopodon este estudo levantou informações sobre a abundancia e distribuição das briófitas exploradas e sobre a atividade de extrativismo praticada em Cananéia. Para contemplar os diferentes aspectos envolvidos na atividade de extrativismo de briófitas, este estudo utilizou abordagens da Ecologia Vegetal, Ecologia Humana e da Etnoecologia. Informações referentes à população extrativista e a atividade de coleta foram obtidas por meio de conversas informais, turnês guiadas e entrevistas. Ferramentas de geoprocessamento foram utilizadas para caracterizar as áreas de exploração das briófitas. O percentual de cobertura do solo pelas briófitas foi estimado utilizando o método da linha transecta e para avaliação da regeneração do Sphagnum foram instaladas parcelas e realizadas duas coletas simulando a forma de extração tradicional. Os resultados indicaram que as briófitas exploradas ocorrem predominantemente em áreas de Brejo de Restinga e Floresta Baixa de Restinga. Sob condições semelhantes às encontradas no experimento de simulação da extração tradicional, os dados indicaram que decorridos seis e sete meses após a coleta o Sphagnum apresentou altura e rendimento semelhantes à condição inicial. Neste sentido, a coleta, quando realizada da forma tradicional, tende a minimizar os impactos negativos da extração sobre a regeneração das briófitas. No entanto, as relações estabelecidas no processo de comercialização definem o grau de pressão sobre as espécies exploradas e induz o extrativista a modificar a forma tradicional de coleta, resultando na sobre-exploração de alguns locais e na coleta de briófitas demasiadamente pequenas. Tais ações contribuem para um menor rendimento da coleta e podem comprometer a regeneração natural em alguns locais. A definição de regras de manejo atreladas a regras para a comercialização das briófitas construídas coletivamente constitui um ponto essencial para o estabelecimento de uma coleta menos predatória

ASSUNTO(S)

briófitas ecologia restinga extrativismo restinga non-timber forest products produtos florestais bryophytes ecologia humana floresta de restinga sustainable management conservação e manejo harvesting

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