Subjetividade e informação no trabalho contemporâneo, Nansen instrumentos de precisão: Um estudo de caso no setor eletroeletrônico de Minas Gerais

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2000

RESUMO

Com os anos 80 confirmam-se as transformações na base técnica do processo de trabalho, a partir da consolidação da incorporação da microeletrônica (ME) no sistema produtivo fabril, nos diversos tipos de indústrias. Esse movimento ganha força exponencial nos anos 90, quando o sistema técnico-produtivo passa a usufruir da associação da ME com as telecomunicações. É a entrada das tecnologias da informação no mundo fabril, além da sua grande instrumentalização para o mercado financeiro. Em conjunto com essas mudanças ocorre, na organização do trabalho, inovações na gestão das pessoas. De mão-de-obra, o discurso nas organizações passa a convocar um trabalhador que pense, crie, inove, que participe da empresa com sua força física (habilidade) e seu pensamento (competência e inteligência). Passa-se a focalizar, através das novas tecnologias de gestão, o trabalho subjetivo da cria-atividade, a atividade subjetivante. Esse homem trabalhador inteiro no trabalho, de corpo e alma, é o atual Ideal perseguido pelas organizações e objeto de persuasão do trabalhador. A presente dissertação recorreu ao Método Qualitativo e à técnica do Estudo de Caso, a fim de estabelecer um percurso acerca da historicidade das mudanças na base técnica do processo produtivo fabril e as transformações que se operaram na organização do trabalho a partir da assimilação de novas ferramentas de gerenciamento e controle dos trabalhadores. Nosso objetivo foi, ao recuperar o histórico dessas mudanças, introduzir o papel que a informação passa a ter, nesse contexto socioprodutivo, atualmente pautado na inovação e, portanto, na geração de conhecimentos. Pesquisamos, ainda, o contexto que passa a demandar um trabalho do pensamento, da interpretação de signos, da capacidade perceptiva e criativa de transformar dados em informação, produzir novos sentidos e, por conseguinte, transformar informação em conhecimento. Trabalho este diretamente dependente da atividade humana, da subjetividade do trabalhador, posta por essa via, enquanto elemento de performance da produção. Em nossa conclusão pudemos registrar que não estamos diante de uma humanização do mundo do trabalho, e sim de um trabalho que amplia suas demandas sem dar o respectivo retorno a quem lhe dedica sua força de trabalho. A injunção paradoxal entre Capital e Trabalho, em última instância, permanece. Agora, com condições tecnológicas de adentrar, em nível planetário, nas relações entre a matriz das empresas transnacionais e suas parceiras localizadas nos países do Terceiro Mundo, em um movimento de taylorização globalizada, onde estaria ocorrendo uma divisão internacional da produção de conhecimentos. Entretanto, pudemos também vislumbrar que se por um lado o trabalho contemporâneo sobrecarrega o trabalhador na execução e no pensar sobre este, em contrapartida sabemos que controlar o pensamento e este está crescentemente sendo incitado em todos os níveis hierárquicos da fábrica é da ordem do inesgotável. Nesse sentido, podemos estar diante de uma mutação no mundo do trabalho, e desta vez nos parece ser, pela via do próprio trabalho, caracterizado pela convocação ao trabalhador, que em seu ato de trabalho coloque a si próprio em situação de trabalho. Conhecimentos, inovações, novos (e outros) sentidos são convocados e também estão em produção para além do sistema produtivo: ao decifrar um enigma no sistema técnico-produtivo, o trabalhador não se decifra enquanto indivíduo também produtor de saberes?

ASSUNTO(S)

ufmg informação para negócios teses. ciência da informação teses. tecnologia da informação teses.

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