Subjetividade e afeto em Zizek e Johnston: controvérsias em torno da relação psicanálise-neurociências

AUTOR(ES)
FONTE

Physis

DATA DE PUBLICAÇÃO

2016-03

RESUMO

O artigo parte da ideia de que a compreensão dos processos de constituição do sujeito tem sofrido profundas mudanças nas últimas décadas. Essas mudanças foram produzidas por descrições advindas de campos diversos, em especial da articulação das neurociências e da psicologia cognitiva, que buscam estabelecer os processos cerebrais como cruciais na formação da subjetividade. Diante disso, observamos que inúmeros autores do campo psicanalítico ampliaram seu escopo investigativo para estabelecer um diálogo intelectual produtivo entre a psicanálise e esses dois campos do saber. O objetivo deste artigo de revisão é discutir e contrapor as abordagens teóricas de Slavoj Zizek e Adrian Johnston, dois filósofos de orientação lacaniana que buscaram essa aproximação, mas chegaram a conclusões diversas no que tange ao significado e possibilidades teóricas dessa interlocução. Para Zizek, a abordagem neurocientífica falha em não reconhecer a dimensão radicalmente negativa do sujeito da psicanálise, sujeito este que rompe radicalmente com sua prévia base biológica. Johnston, ao contrário, fazendo uma cuidadosa leitura dos aspectos emocionais da subjetividade, busca articular de forma crítica, mas produtiva, esses diferentes campos de investigação. A conclusão é que a interlocução psicanálise-neurociências, embora problemática, é indispensável se pretendemos enriquecer as descrições teóricas sobre a gênese da subjetividade.

ASSUNTO(S)

psicanálise neurociências sujeito emoção afeto

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