Subject and meaning in the textual production at the starting levels in the fundamental school: What is whiling, what can do this writing? / Sujeito e sentido nas produções textuais das séries iniciais do Ensino Fundamental: o que quer, o que pode essa escrita?
AUTOR(ES)
Elisangela Nascimento Iamamoto
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009
RESUMO
Filiados às construções teóricas da Análise do Discurso de filiação francesa, pretendemos investigar as possibilidades de movimento do sujeito-aluno na produção e leitura dos textos, a saber, as posições de autor e leitor, assumidas, ou não, por alunos do Ensino Fundamental, de uma escola particular de Jaboticabal-SP. Entendemos que, ao ler e interpretar o sujeito assume determinados lugares discursivos, denominados por Pacífico (2002) como fôrma-leitor (repetição do sentido do texto) ou como função-leitor (historicização dos sentidos). Muitas vezes, constatamos, na prática, que estes conceitos não são conhecidos pelos professores, os quais trabalham a linguagem sem perceber se a criança assume uma determinada posição discursiva ou outra, ao ler e escrever. Nesse sentido, a Análise do Discurso fornece um dispositivo teórico que permite ao analista, mesmo sendo interpelado pela ideologia, duvidar dos sentidos legitimados e buscar os indícios presentes nos textos e a inscrição do sujeito em determinado espaço sócio-ideológico, a fim de compreender a singularidade da existência do enunciado produzido. Com base nessas considerações, este trabalho propõe-se a analisar redações de alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental, observando, por meio das marcas linguísticas presentes nos textos, quais posições discursivas eles podem ocupar ao construir sentidos, se eles repetem os sentidos dos textos lidos (fôrma-leitor) ou se eles podem disputar os sentidos postos em jogo, questionar, historicizar o dizer (função-leitor). As análises que realizamos nos mostram que as possibilidades de o sujeito movimentar-se ao produzir ou interpretar um texto estão relacionadas às formações discursivas dominantes que circulam no contexto escolar. Há uma tentativa de naturalização de determinados sentidos e o silenciamento de outros, o que leva o sujeito, pelo efeito ideológico de evidência, a não questionar o sentido legitimado pelas instituições sociais. O resultado da nossa pesquisa mostra-nos que, a maioria dos sujeitos-alunos ficou na posição discursiva de fôrma-leitor e isso, a nosso ver, está relacionado a uma prática pedagógica pautada na interdição do sujeito ao arquivo (Pêcheux, 1997), ao interdiscurso, ao discurso polêmico (Orlandi, 1996). A partir desta pesquisa, entendemos que, trabalhar o interdiscurso no intradiscurso coloca em jogo o funcionamento da linguagem, as condições de produção discursivas, as quais nos levaram à interpretação de que, mesmo inseridos num contexto autoritário como o escolar, sujeitos e sentidos movimentam-se na construção do discurso e as posições discursivas fôrma-leitor/função-leitor ou função-leitor/fôrma-leitor são possíveis para o sujeito, desde que o discurso autoritário abra espaço para o discurso polêmico, permitindo ao sujeito estar em contato com uma multiplicidade de sentidos acerca de determinado tema.
ASSUNTO(S)
meaning writing. discourse reading discurso-sujeito-sentido-leitura-escrita subject
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