Subestimativa de obesidade e sobrepeso a partir de medidas autorrelatadas na população geral: prevalência e proposta de modelos para correção

AUTOR(ES)
FONTE

Cad. Saúde Pública

DATA DE PUBLICAÇÃO

04/07/2019

RESUMO

Os objetivos deste artigo são: (i) comparar medidas autorrelatadas de peso e estatura com medidas aferidas; (ii) avaliar o impacto dessas discrepâncias sobre o índice de massa corporal (IMC) e as prevalências de sobrepeso e obesidade; e (iii) aplicar modelos de correção das medidas autorrelatadas e avaliar o grau de melhoria das medidas corrigidas produzidas pelo uso desses modelos. Realizou-se estudo transversal, com avaliação de 4.151 adultos (18 a 60 anos) participantes do Estudo Epidemiológico dos Transtornos Mentais São Paulo Megacity. Foram propostos e testados modelos de regressão linear estratificados por sexo, para a correção das medidas autorrelatadas. Para avaliar a concordância, usou-se o coeficiente de correlação intraclasse para as medidas aferidas, medidas autorrelatadas e medidas corrigidas, bem como o coeficiente kappa para as categorias de classificação do IMC. O peso autorrelatado e o IMC resultantes foram subestimados, ao passo que a estatura foi superestimada, comparados às medidas aferidas. Com todos os modelos de correção, as medidas corrigidas tornaram-se mais próximas às medidas aferidas. As prevalências de excesso de peso, quando calculadas a partir das medidas autorrelatadas, estavam subestimadas em 24% em homens e 28% em mulheres. Com as correções, a subestimativa diminuiu para 8% e 10%, respectivamente. Identificou-se concordância moderada para as medidas autorrelatadas e concordância substancial para as medidas corrigidas, quando comparadas às medidas reais. O uso de equações de correção para dados autorrelatados mostrou-se um método útil para produzir estimativas mais fidedignas da prevalência de excesso de peso e obesidade na população geral, geralmente estimadas a partir de medidas de peso e estatura autorrelatadas nos inquéritos populacionais.The study’s objectives: compare self-report measures of weight and height with direct measures; assess the impact of these discrepancies on body mass index (BMI) and prevalence of overweight and obesity; and apply correction models to the self-report measures and assess the degree of improvement in the corrected measures produced with the use of these models. A cross-sectional study was performed, assessing 4,151 adults (18 to 60 years) participating in the São Paulo Megacity Epidemiological Study. Linear regression models stratified by sex were proposed for correction of self-reported measures. Agreement was assessed with the intraclass correlation coefficient for the direct measures, self-report measures, and corrected measures, and kappa coefficient for BMI classification categories. Self-reported weight and the resulting BMI were underestimated, while height was overestimated, compared to direct measures. With all the correction models, the corrected measures were closer to the direct measures. Prevalence rates for excess weight, calculated by self-report measures, were underestimated by 24% in men and by 28% in women; with corrections, the underestimation decreased to 8% and 10%, respectively. The results showed moderate agreement for self-report measures and substantial agreement for corrected measures compared to direct measures. The use of correction equations for self-report data proved to be a useful method for producing more trustworthy estimates of prevalence of overweight and obesity in the general population, usually estimated from self-report measures of weight and height in population surveys.

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