Solidão, da palavra ao sentido

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1990

RESUMO

o objetivo desta tese é pesqu1sar a palavra solidão, em busca de um sentido, tal qual ela aparece nos "Cem Anos de Solidão" de Gabriel Garcia Márquez. Pretende fazê-lo numa perspectiva psicanalítica. Para tanto, na Introdução é feita uma revisão da literatura psicanalítica sobre o tema. Basicamente, a colocação teórica da questão da solidão refere-se a dois parâmetros: Klein e Lacan. As idéias destes psicanalistas norteiam todos os textos estudados. Entre estes destacam-se, especialmente, Rosalato (1970), Winnicott (1957), Anzieu (1987), além de todos os colaboradores da "Nouvelle Reveu de Psychanalise" (1987), inteiramente dedicada ao tema solidão. Partimos da diferença entre o pensamento de Klein e o de Lacan, que consiste na concepção de solidão como sentimento ou como elemento constitutivo da estrutura psiquica. Para os lacanianos, como diz Fanicaud (1987), solidão é um aspecto ontológico, anterior a qualquer sentimento. No primeiro capítulo, as idéias de Klein, referentes ao sentimento de solidão, são acompanhadas, palmo a palmo, por exemplos dos "Cem anos...". Para Kle1n, este sentimento está sempre em torno de manifestações típicas da posição esquizo-paranóide ou da posição depressiva. Ela analisa, detalhadamente, os mecanismos de defesa típicos de cada posição, tais como, cisão, negação, identificação projetiva, mania, e outras mais. No segundo capitulo é feita a pesquisa etimológica da palavra solidão e dos nomes dos personagens mais importantes do romance. O objetivo inicial, que era mais ilustrativo, entre Klein e Marquez, cresceu na medida em que foi sendo descoberta uma correlação entre cada nome e cada personagem. Não apenas a pesquisa da palavra solidão estava acontecendo, mas, paralelamente, abria-se caminho para pesquisar solidão como um significante. Daí surgiu, também, a necessidade do terceiro capítulo, em torno do significante solidão, numa ótica lacaniana. Partindo do mal-estar freudiano e passando pelos conceitos lacanianos básicos, como "significante", "sujeito do inconsciente", "real", "simbólico", "imaginário", entre outros, o capitulo chega a uma tentativa de conceituação lacaniana de solidão, partindo de como Márquez o constrói em seu texto. No quarto capitulo, é feita uma leitura kleiniana, e lacaniana da palavra solidão, ao longo das 44 citações, feitas no romance, do vocábulo. Para tanto, de Klein se constrói um crivo composto por três categorias fundamentais: - .mundo externo .posição esquizo-paranóide .posição depressiva De Lacan, toma-se por crivo, os três registros: .real .simbólico .imaginário Logicamente, não se pretende grudar a cada citaçao uma conceituação teórica, não apenas por consistir, isto, num fechamento sem sentido - tanto na teoria como na literatura - como também pela impossibilidade de redução de conceitos teóricos tão amplos ao campo fenomenal do romance. o resultado da experiência deste capítulo encontra-se numa diagramação dos esforços feitos até então nos capítulos anteriores. e sumariados em algumas tabelas, anexas. Na quinta unidade objetiva-se uma finalização do processo de investigação do trajeto da palavra, no romance. Não apresenta conclusões pois pretende abrir, sempre mais, o campo de observação possível entre palavras, solidão e sentido

ASSUNTO(S)

psicologia clinica psicologia clinica psicologia

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