Soils from Admiralty Bay, Maritime Antarctica: mineralogy, genesis, classification and biogeochemistry / Solos da Baía do Almirantado, Antártica Marítima: mineralogia, gênese, classificação e biogeoquímica

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A maioria dos estudos pedológicos na Antártica foram realizados na porção oriental do continente, onde as constantes temperaturas negativas restringem a presença de água no estado líquido. Nestes desertos gelados, a formação dos solos se dá através de processos de intemperismo físico, com elevado acúmulo de sais solúveis nos solos. Por outro lado, na região da Antártica Marítima, temperaturas mais elevadas e maiores precipitações permitem uma maior participação de processo químicos e biológicos na formação dos solos e ecossistemas terrestres. O presente trabalho objetivou a caracterização química, física, mineralógica e micromorfológica dos principais solos da Baía do Almirantado, Ilha Rei George. Foram descritos e amostrados mais de 60 perfis. Os solos foram submetidos a análises químicas e físicas de rotina e estudados a partir de extrações químicas seqüenciais, difração de raios-X (DRX), microscopia eletrônica de varredura e de transmissão e microanálises. Avaliou-se o estoque de C orgânico e a distribuição das frações húmicas nos solos assim como a bioacumulação de metais pesados e outros elementos pela vegetação antártica. Os solos estudados caracterizam-se pela presença de permafrost (camada de solo permanentemente congelada), sendo classificados como Cryosols ou Gelisols pelos sistemas de classificação da FAO (WRB) e Soil Taxonomy, respectivamente. De maneira geral os solos apresentam maior desenvolvimento do que aqueles descritos para porções mais frias e secas da Antártica. São solos com desenvolvimento incipiente, com intensa ação do intemperismo físico e características químicas estreitamente relacionadas ao material de origem. Foram identificados os seguintes tipos de solos na Baía do Almirantado: a) solos derivados de basaltos e andesitos; b) solos tiomórficos formados a partir de andesitos priritzados; c) solos ornitogênicos (formados sob influência de dejetos de aves). A fração argila dos solos basálticos/ andesíticos é composta principalmente por esmectita interstratificada com esmectica com hidroxi-Al entre camadas. Nos solos tiomórficos, caulinita, clorita e um mineral interstratificado illita-esmectita foram detectados. Nestes solos, a oxidação de sulfetos promove intensa acidificação, com formação de jarosita e minerais amorfos de Fe. Fosfatos cristalinos de Al e Fe constituem grande parte da fração argila de solos ornitogênicos. Fosfatos amorfos contendo Al, Si e Fe controlam as características químicas nestes ambientes. Do ponto de vista micromorfológico, os solos apresentam feições típicas de solos criogênicos, nos quais os ciclos de congelamento e descongelamento favorecem a formação de estruturas granulares altamente estáveis. Análises microquímicas permitiram o detalhamento dos processos de oxidação de sulfetos e de fosfatização. Ao contrário dos solos da Antártica continental, o intemperismo químico é ativo nos solos da Baía do Almirantado, especialmente nos pedoambientes onde ocorre a oxidação de sulfetos ou intensa atividade de aves. Nestas últimas há o desenvolvimento de extensas coberturas vegetais com ocorrência das duas únicas plantas superiores que ocorrem na Antártica (Deschampsia antarctica Desv. (Poaceae) e Colobanthus quitensis (Kunth) Bartl. (Caryophillaceae)). Os teores de C orgânico nos solos são mais elevados, com formação de espessos horizontesl híticos. Solos mais desenvolvidos apresentam maior participação das frações ácido fúlvico e húmico. Os níveis de metais pesados em todas as espécies vegetais estudadas foram muito baixos.

ASSUNTO(S)

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