Sofrimento no trabalho : a construção social do adoecimento de trabalhadoras da saúde
AUTOR(ES)
Suzane Beatriz Frantz Krug
DATA DE PUBLICAÇÃO
2006
RESUMO
No atual contexto mundial, permeado pelo avanço tecnológico e pelas constantes modificações estruturais que atravessam, especificamente o mundo do trabalho, são significativas as repercussões na ocorrência de patologias e acidentes de trabalho que acometem os trabalhadores. Esses compartilham um adoecer e morrer com o conjunto da população, caracterizado pelas patologias comuns, e ainda, um adoecer específico relacionado à sua atividade laboral. Nesse sentido, este estudo teve como propósito analisar e refletir sobre os fatores que contribuem para o sofrimento no trabalho, na perspectiva da construção social do adoecimento das trabalhadoras da saúde, a partir do processo de trabalho desenvolvido nos serviços públicos de saúde. A abordagem do trabalho da mulher e a saúde no trabalho conciliou análises que articularam o processo de trabalho em saúde e seus princípios organizativos no envolvimento do serviço público, sob uma perspectiva de gênero. Metodologicamente, os caminhos da investigação, no movimento dialético do ir e vir, seguiram a trajetória do estudo qualitativo, utilizando a entrevista com 17 trabalhadoras da saúde e os registros no diário de campo como instrumentos de coleta de dados. Utilizando-se da avaliação qualitativa, os dados foram analisados à luz do método de Análise de Conteúdo, através de análise temática. Do contato com as trabalhadoras, emergiram histórias diversas, mas ao mesmo tempo semelhantes, em espaços institucionais diferentes, demonstrando que o sofrimento no trabalho não é um estado explícito, de fácil identificação, que acaba se expressando de forma não verbal e não visível, traduzindo a invisibilidade social dessa situação. Nessa perspectiva, as situações de sofrimento e adoecimento vinculados ao trabalho foram expressas veladamente nas narrativas das trabalhadoras. Os fatores que levam ao sofrimento e adoecimento estiveram relacionados aos embates com o usuário no atendimento no serviço de saúde, à falta de cooperação e de reconhecimento no trabalho, entre os colegas e superiores hierárquicos, decorrente de uma estrutura organizacional pouco flexível e fragmentada em relação à divisão de tarefas, também às exigências incessantes por produtividade no trabalho em saúde, às interferências político-partidárias e às determinações administrativas. A adoção de estratégias defensivas para o enfrentamento do sofrimento é uma prática inerente ao trabalho em saúde, sem a percepção visível pelas trabalhadoras da utilização dessas estratégias. A lógica de relações entre gênero e trabalho demonstrou a existência de jeitos específicos para o trabalho em saúde, remetendo a um contexto de invisibilidade das situações discriminatórias, que acabam por mascarar uma realidade, não percebida pelas próprias mulheres.
ASSUNTO(S)
servico social trabalho e trabalhadores serviÇo social trabalhadores - doenÇas mulheres - trabalho trabalhadores - saÚde
ACESSO AO ARTIGO
http://tede.pucrs.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=39Documentos Relacionados
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