Sociedade de controle e linhas de subjetivação

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A crise da sociedade disciplinar e a passagem dessa para uma sociedade de controle foram anunciadas nas obras de Michel Foucault e Gilles Deleuze. Cada um desses filósofos, a seu modo, deixou para seus leitores o desafio de estudar e ampliar as investigações sobre as novas formas de vida que estão em vias de ser construídas a partir dessas mudanças que se operam no cenário histórico e social que estamos vivendo. Atento a isso, o presente trabalho ocupou-se, primeiramente, de fazer um resgate histórico e também uma cartografia parcial das novas forças que se anunciam por ocasião dessa passagem. Em seguida, foram investigadas situações cotidianas nas quais novos dispositivos, voltados para o controle, vêm sendo elaborados e permanentemente transformados, conseguindo penetrar nas esferas mais íntimas da vida da população. Como estratégia investigativa, optou-se por descrever situações que foram retiradas de documentos que são de domínio público e englobam jornais, encartes, campanhas publicitárias, sites, enunciados e áreas arquitetonicamente planejadas. Percebendo-se que as formas de controle são cada vez mais múltiplas e diversificadas, as situações investigadas foram agrupadas em três feixes de linhas assim denominados: Vigilância Disseminada, Controle-estimulação e Controle de riscos. Em cada um desses capítulos, será possível compreender como os dispositivos de controle vêm sendo engendrados em diferentes partes de nosso país valendo-se de estratégias e agentes distintos. Após essa parte descritiva, o trabalho segue com um capítulo que procura analisar como essas linhas se cruzam e, nesse movimento inesperado, convocam cada sujeito a se inscrever nos dispositivos de controle, ora aderindo, ora resistindo a eles. Dando-se continuidade a esta investigação, será apresentado e analisado o depoimento de uma pessoa que passou por um seqüestro e permaneceu em cativeiro durante cinco dias. O relato dessa experiência serviu para mostrar como a problemática do controle é complexa, podendo ser compreendida e operacionalizada a partir de perspectivas distintas. As conclusões trazidas por este estudo buscam chamar a atenção para a dimensão política presente na Psicologia Clínica como uma área de conhecimento que se ocupa em compreender o humano e suas mutações. Mas, para que isso aconteça, é indispensável uma abertura para acolher e analisar as transformações subjetivas que são experimentadas em cada tempo histórico

ASSUNTO(S)

control resistência controle subjectivity psicologia controle social resistance subjetividade

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