Sobre pensamentos vazios e intuições cegas. A resposta de Kant a McDowell

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FONTE

Trans/Form/Ação

DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Esse artigo examina a relação entre intuição e conceito em Kant à luz da posição neokantiana de John McDowell de que intuições estão conceitualmente "carregadas". 1 O foco é sobre o duplo pronunciamento de Kant, segundo o qual pensamentos sem conteúdo são vazios e intuições sem conceitos são cegas. Mostro que intuições como representações singuares não são casos de introdução passiva de dados, mas o resultado da unificação sintética do múltiplo dado dos sentidos pelo poder da imaginação sob a orientação do entendimento. Contra McDowell, defendo que a amabilidade das intuições para com a determinação conceitual não é devida a alguma conceitualidade pré-existente, absoluta do real, mas ao "trabalho do sujeito".2 Num nível mais programático, o presente artigo visa demonstrar as limitações de uma apropriação seletiva de Kant e o potencial filosófico de uma análise mais abrangente e aprofundada de sua obra. A seção 1 aborda o equilíbrio único na filosofia de Kant entre o trabalho com problemas particulares e a orientação em direção a um todo sistemático. A seção 2 descreve a posição de McDowell acerca da distinção kantiana entre intuição e conceito no contexto das leituras de Kant por Sellars e Strawson. A seção 3 expõe a reincidência de McDowell no "mito do dado". A seção 4 propõe uma leitura da filosofia teórica de Kant como uma epistemologia do conhecimento metafísico. A seção 5 detalha a explicação original de Kant sobre a intuição sensível na "Dissertação de 1770". A seção 6 apresenta a transição do múltiplo dos sentidos para a síntese na imaginação e para a unificação por meio das categorias na Crítica da razão pura (nas edições de 1781 e de 1787). A seção 7 aborda o formalismo de Kant na epistemologia e na metafísica.

ASSUNTO(S)

kant john mcdowell intuição conceito múltiplo unificação sintética

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