Situação do aleitamento materno na área urbana do município de Anápolis GO / Situation of breastfeeding in the urban area of the city of Anapolis - GO

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

13/12/2010

RESUMO

A promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno consta entre as ações estabelecidas para agenda de cuidado integral a criança e no plano de redução da mortalidade infantil do Brasil. No entanto, as estimativas de prevalência e as medianas de aleitamento materno exclusivo e de aleitamento materno total, encontradas para o conjunto de capitais brasileiras e Distrito Federal, ainda estão muito aquém do patamar considerado mínimo pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A epidemiologia do aleitamento materno ainda não é conhecida devido às dimensões continentais do país, tornando necessário o diagnóstico em unidades geográficas locais (estados e municípios). O objetivo deste estudo foi analisar a epidemiologia do aleitamento de materno em crianças de 0-2 anos de idade nascidas e residentes na área urbana do município de Anápolis - GO. Para fundamentar a elaboração do instrumento de coleta de dados e modelagem das variáveis da pesquisa foi desenvolvido um estudo exploratório bibliográfico, que buscou evidências sobre os fatores associados ao tempo de duração das práticas de aleitamento materno no país, considerando a influência dos determinantes no diferentes períodos do processo: iniciação ou estabelecimento e manutenção do aleitamento materno exclusivo e do aleitamento materno total, na qual foram incluídos 24 artigos publicados no período de 2002-2010, nos idiomas inglês, espanhol e português, nas bases de dados National Library of Medicine (MEDLINE), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SCIELLO). Foram encontradas 40 variáveis associadas à interrupção das práticas de aleitamento materno no país, sendo que as mais frequentes e com maior força de associação foram: uso da chupeta, mãe <20 anos, cesariana, complicações da mama, influência das avós, primiparidade, baixo peso da criança ao nascer e baixa renda familiar. A pesquisa de campo consistiu em estudo transversal de bases populacionais com amostra representativa de 1919 díades mãe-bebê, nascidos e residentes área urbana do município de Anápolis-GO. Adotou-se uma amostragem complexa por conglomerados em dois estágios: no primeiro foram selecionadas dezenove Unidades Primárias de Amostragem (UPA) e no segundo as crianças que compareceram acompanhadas de suas mães a Campanha Nacional de Multivacinação Infantil de 2009. Para análise dos dados foram adotados conceitos e indicadores das práticas de aleitamento materno estabelecidos pela OMS. Considerando a variância do plano amostral, foram utilizados o Módulo Complex Sample do Programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS) Versão 17.0 e o STATA versão 8.0 para os procedimentos de análise de amostra complexa. Foi utilizado um Modelo de Poisson Robusto para o cálculo das razões de prevalência brutas e ajustadas (nível de significância 0,05 e intervalo de confiança 95%) para as variáveis explicativas das práticas de aleitamento materno. A prevalência da primeira mamada oportuna foi 68,1%, de aleitamento materno exclusivo 0-5,9 meses 59,2% e de aleitamento materno continuado no segundo ano, apenas 22,7%. A prevalência da alimentação por mamadeira no primeiro ano de vida foi de 58,3%. A mamadeira esteve associada ao desmame total entre 6-23,9 meses de vida (RP bruta 2,27 IC95% 1,71;3,02). A chupeta foi a única variável explicativa para interrupção do aleitamento materno exclusivo (RP 1,49 IC95% 1,05;2,12). As variáveis associadas à interrupção do aleitamento materno completo foram: chupeta (RP 2,33 IC95% 1,79;3,02), complicações de mamas e mamilos (RP 1,78 IC95% 1,17;2,69) e primeira mamada precoce (RP 1,47 IC95% 1,01;2,12). As variáveis associadas ao desmame total foram: chupeta (RP 1,40 IC95% 1,23;1,60), prematuridade (RP 1,25 IC95% 1,03;1,51), e experiência com amamentação (RP 1,15 IC95% 1,006;1,316). Em Anápolis, de acordo com a classificação da OMS, o indicador de AME alcançou nível bom, sendo que o indicador de alimentação apropriada à idade alcançou o patamar considerado muito bom, em relação aos primeiros seis meses de vida (AME e AP), mostrando-se superior as demais localidades do país. Chamam atenção as baixas proporções de aleitamento materno complementado após o sexto mês de vida, sendo que a mediana de aleitamento materno 7,9 meses mostrou-se inferior a do país, não alcançando o mínimo esperado pela OMS. A chupeta consiste em comportamento de risco importante na área urbana de Anápolis. Observa-se que em sua maioria as variáveis explicativas encontradas para interrupção das práticas de aleitamento materno de 0- 2 anos de idade (chupeta, mamadeira, complicações de mamas, não iniciar amamentação na primeira hora de vida e prematuridade) são passíveis de mudanças por meio de ações de promoção e de apoio ao aleitamento materno. Concluiu-se que o cuidado primário deve ser incentivado, com ênfase no estímulo ao aleitamento materno continuado até o segundo ano de vida ou mais.

ASSUNTO(S)

aleitamento materno determinantes epidemiologia atenção primária à saúde ciencias da saude breastfeeding determinants epidemiology primary health care

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