Sistemática e Filogeografia de Pimelodus blochii (Siluriformes: Pimelodidae) da Amazônia

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

01/06/2006

RESUMO

A espécie Pimelodus blochii (Siluriformes: Pimelodidae) possui ampla distribuição pelos rios amazônicos, e diversos trabalhos apontam para a existência de diferenças morfológicas entre exemplares de diferentes bacias, sugerindo um complexo de espécies. Este trabalho teve como objetivo analisar os exemplares identificados como Pimelodus blochii de distribuição amazônica através de análises morfológica e molecular. Na análise morfológica foram utilizados 157 exemplares provenientes dos rios Purus, Madeira, Aripuanã, Urubamba, Marañón, Solimões-Amazonas, Negro, Branco, Araguaia, Apure, Japurá, e exemplares de P. blochii do rio Courantjin (Suriname), tratados como topótipos. Foram evidenciadas seis novas espécies de Pimelodus, mostrando que os exemplares brasileiros identificados como P. blochii são morfologicamente diferentes de P. blochii do Suriname. Pimelodus sp. n. A apresentou a maior distribuição geográfica, sendo uma espécie abundante nas várzeas dos rios Purus, Madeira, Japurá, Urubamba, Marañón e Solimões-Amazonas. Essa espécie caracteriza-se pelo padrão de coloração castanho uniforme, nadadeira caudal muito bifurcada com os lobos finos e pontiagudos. Pimelodus sp. n. B do rio Branco é restrita ao curso médio do rio Negro e à porção baixa do rio Branco e caracteriza-se pelo olho grande, padrão de colorido com uma faixa clara horizontal acima da linha lateral e focinho curto voltado ventralmente. Pimelodus sp. n. C foi registrado apenas no rio Apure, Venezuela, podendo ser caracterizado pelo reduzido tamanho dos olhos, cabeça pequena, corpo curto e largo. Pimelodus sp. n. D foi registrado somente no rio Aripuanã e caracteriza-se pelo corpo apresentando pequenas pintas. Pimelodus sp. n. E pode ser encontrada no lago Jenipapo, rio Aripuanã e é caracterizado pelo alto número de rastros branquiais (28). Pimelodus sp. n. F é registrada para o rio Araguaia, podendo ser caracterizada pelo alto número de rastros branquiais (25-28) e nadadeira caudal apresentando uma faixa escura nos lobos. De acordo com os resultados obtidos na análise morfológica, P. blochii sensu stricto provavelmente não ocorre na Amazônia brasileira, estando restrita às drenagens do Suriname. Foi realizada uma análise filogenética com o objetivo de verificar o monofiletismo do complexo P. blochii, utilizando também exemplares do complexo P. albofasciatus. As árvores de consenso estrito e de maioria obtidas pelo método de Parcimônia evidenciaram a presença de 6 clados. Segundo a filogenia obtida, os complexos P. blochii e P. albofasciatus não são monofiléticos. O então chamado complexo P. albofasciatus ficou representado por três clados, enquanto o complexo P. blochii por outros três. Os três clados formados pertencentes ao complexo P. blochii foram representados por Pimelodus sp. n. A, Pimelodus sp. n. D e Pimelodus sp. n. E, corroborando assim os resultados morfológicos. A espécie Pimelodus sp. n. E, mais basal, mostrou uma distribuição em terrenos mais antigos, no escudo brasileiro. Pimelodus sp. n. A, a espécie mais derivada, teve sua distribuição na bacia sedimentar, como o Solimões e Madeira. Essa hipótese de relacionamento, por ser a primeira a usar tais táxons para a Amazônia, necessita maiores análises, incluindo maior número de exemplares e de diferentes localidades.

ASSUNTO(S)

siluriformes pimelodus sistemática taxonomia dna mitocondrial filogeografia zoologia

Documentos Relacionados