Sistemas Turbidíticos e Deltaicos de Mar Baixo do Grupo Itararé na Região de Vidal Ramos (SC), Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

Braz. J. Geol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2014-12

RESUMO

Turbiditos tem sido foco de estudos ao longo das últimas décadas devido a sua importância como reservatórios de óleo e gás. No entanto, a relação destes depósitos com deltas é um tema que ainda merece atenção. Nesse sentido, esse artigo discute um exemplo de turbiditos e sistemas deltaicos deglaciais a pós-glaciais expostos na região de Vidal Ramos (Santa Catarina), na porção sul da Bacia do Paraná. Nessa área, uma sucessão com cerca de 360 metros de espessura associada à porção superior da Formação Mafra e à Formação Rio do Sul recobre o embasamento Proterozóico (Complexo Metamórfico Brusque). Da base para o topo, esse intervalo inclui folhelhos negros, depósitos de transporte de massa e turbiditos arenosos da Formação Mafra recobertos por turbiditos finamente acamadados, incluindo um intervalo de folhelhos negros e turbiditos arenosos, e arenitos de frente deltaica proximal (Formação Rio do Sul). Esse intervalo estratigráfico registra duas espessas sucessões deltaicas superpostas com espessura individual de mais do que 150 m. Cada sucessão comporta turbiditos arenosos na base (prodelta) seguidos por turbiditos finamente acamadados (talude deltaico) que gradam para arenitos de frente deltaica, ambos os tipos parcialmente colapsados. Os dois pacotes de turbiditos arenosos da base de cada sucessão deltaica recobrem de forma abrupta intervalos de folhelhos negros vinculados a inundações máximas, caracterizando assim duas conformidades relativas. Uma seção estratigráfica elaborada a partir da correlação de quatro perfis levantados na escala 1/100 próximo ao topo do intervalo de estudo sugere que a frente deltaica distal inclui turbiditos finamente acamadados e arenitos retrabalhados por ondas enquanto que a frente deltaica proximal é dominada por estratos vinculáveis a fluxos hiperpicnais de longa duração. A sucessão como um todo sugere que os turbiditos mais expressivos, que caracterizam a base dos sistemas deltaicos, foram gerados por quedas relativas do nível de base (trato de mar baixo precoce), enquanto que os turbiditos finamente acamadados representam cunhas de mar baixo formadas durante as fases mais tardias dos estágios de mar baixo. Os folhelhos negros, por sua vez, foram correlacionados a tratos transgressivos enquanto depósitos de mar alto não foram depositados ou preservados. Alto suprimento sedimentar associado a um nível de mar baixo poderia explicar a ocasional (Vidal Ramos) a frequente ocorrência de feições de remobilização de taludes deposicionais (escorregamentos e fluxos de detritos) que envolviam a remobilização de turbiditos finamente acamadados e areias de frente deltaica. Tal panorama é compatível com episódios de deglaciação, e resultante elevado suprimento sedimentar, vinculados as fases finais de um longo período de glaciação (icehouse) que controlava o domínio de tratos de sistemas de mar baixo e transgressivo.

ASSUNTO(S)

deltas turbiditos de mar baixo cunha de mar baixo glaciação permo-carbonífera bacia do paraná

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