Sintomatologia depressiva no termo da gestação, em mulheres de baixo risco

AUTOR(ES)
FONTE

J. bras. psiquiatr.

DATA DE PUBLICAÇÃO

26/08/2019

RESUMO

RESUMO Objetivos Calcular a prevalência de sintomatologia depressiva pré-natal em grávidas de baixo risco, no termo da gestação, avaliar seus preditores e desfechos materno-fetais. Para tal, avaliar-se-á a aplicabilidade da Escala de Rastreio de Depressão Pós-Parto (PDSS 24) nessa fase da gravidez. Métodos A PDSS 24 e um questionário sociodemográfico, psicossocial e médico (antecedentes obstétricos e patológicos) foram autoaplicados a 403 grávidas (37-40 semanas de gestação), com idade média de 30,5 anos (DP = 4,67). Por meio do processo clínico, foram recolhidos dados de resultados materno-fetais. Resultados A PDSS 24 possui propriedades psicométricas adequadas para a deteção de sintomatologia depressiva pré-natal. A prevalência de sintomatologia depressiva pré-natal foi de 41,7%. Grávidas com níveis de escolaridade inferiores, não casadas, cuja gravidez não foi planejada e com antecedentes de acontecimentos de vida significativos apresentam risco duas vezes superior de sintomatologia depressiva no período pré-natal. Grávidas cujo apoio social percebido ao longo da gravidez não correspondeu ao desejado e com história prévia de depressão apresentam cerca de três vezes maior risco sintomatologia depressiva no período pré-natal. Para desfechos materno-fetais (pré-eclâmpsia, restrição de crescimento fetal, Apgar 1º/5º minuto, tipo de parto, percentil de peso, oligoâminos e necessidade de cuidados intensivos), as diferenças foram não significativas. Conclusão O rastreio da depressão pré-natal deve ser realizado na gravidez. Porém, no termo da gestação o uso da PDSS 24 como ferramenta de deteção de sintomatologia depressiva deve ser feito com cautela. A elevada prevalência de sintomas relacionados com o sono nessa fase da gestação pode conduzir ao sobre diagnóstico, usando a PDSS 24.ABSTRACT Objectives The aims of the study were to estimate the prevalence of depressive symptomatology in full-term pregnancy (low risk), evaluate their predictors and maternal-fetal outcomes. To this end, the applicability of Postpartum Depression Screening Scale (PDSS 24) will be evaluated, at full-term pregnancy. Methods PDSS 24 and a sociodemographic, psychosocial, pathological and obstetrical background questionnaire were self-administered to 403 pregnant women (37-40 weeks gestation), with a mean age of 30.5 years (SD = 4.67). Data from maternal, fetal and neonatal outcomes were collected from the patient clinical process. Results PDSS 24 revealed adequate psychometric properties to screening depressive symptomatology in full-term pregnancy. The prevalence of depressive symptomatology was 41.7%. Pregnant women with lower study levels, who weren’t married, whose pregnancy was unplanned and with a previous history of significant life events present twice the risk to present depressive symptomatology. Pregnant women who hadn’t received the desired social support in pregnancy and with a history of depression present about a 3-fold increased risk to present depressive symptomatology. For maternal-fetal outcomes (pre-eclampsia, fetal growth restriction, Apgar score at 1st/5th minute, type of delivery, weight percentile, oligohydramnios and need for neonatal intensive care), the differences were not significant. Conclusion Screening for prenatal depression should be conducted during pregnancy. However, in full-term pregnancy women, the use of PDSS 24 as a screening tool for depressive symptomatology should be done with caution. The high prevalence of sleep-related symptoms, in full-term pregnancy, may lead to overdiagnosis, using PDSS 24.

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