Sintomas osteomusculares relacionados ao trabalho de enfermagem em unidade de terapia intensiva / Osteomuscular symptoms related to nursing work at the intensive care unit

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

03/05/2011

RESUMO

Os trabalhadores de enfermagem submetem-se constantemente às condições de trabalho inadequadas, o que os sujeita às lesões musculoesqueléticas, principalmente nas unidades de cuidado a pacientes críticos e com alto grau de dependência. Assim, este estudo tem por objetivo apreender os sintomas de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) entre os trabalhadores de enfermagem, seus determinantes e possibilidades de prevenção. O estudo caracteriza-se como de caso, descritivo, de abordagem quanti-qualitativa, fundamentado na determinação social do processo saúde-doença. A população de estudo foi de 61 trabalhadores de enfermagem de uma unidade de terapia intensiva geral, em um hospital público e universitário do estado de São Paulo. Os dados foram coletados por meio de um formulário composto por três partes: Dados de Identificação, Questionário Nórdico de Sintomas Musculoesqueléticos e Relação Trabalho x DORT. A análise dos dados quantitativos foi realizada segundo a estatística descritiva e os dados qualitativos foram submetidos à análise temática. Foram realizadas 27 entrevistas (44,26%), optando-se por complementar a parte quantitativa da pesquisa com mais 17 trabalhadores que responderam apenas as duas primeiras partes do formulário, totalizando 44 participantes (72,13%). Como resultados, obtivemos que 32 participantes (72,72%) são do sexo feminino, 19 (43,18%) trabalham no período noturno e 23 (52,28%) são técnicos de enfermagem. A média de idade foi de aproximadamente 37 anos, o IMC médio foi de 26,33 kg/m², e a média de tempo de serviço na instituição foi de 8,94 anos, sendo que 10 trabalhadores (22,73%) possuem mais de um vínculo empregatício. O Questionário Nórdico evidenciou que todos os trabalhadores entrevistados apresentaram algum sintoma musculoesquelético nos últimos 12 meses, sendo a região superior das costas (65,90%), a região inferior das costas (63,63%) e os ombros (61,36%) os locais mais afetados. Apesar dessa freqüência, poucas pessoas foram impedidas de realizarem suas atividades diárias (38,63%), e essa mesma porcentagem de trabalhadores procurou algum profissional de saúde por causa desses sintomas. Os dados evidenciam que a população, apesar de sintomática, continua trabalhando e convivendo com os sintomas musculoesqueléticos, referindo fazer uso de analgésicos sem prescrição médica, para conseguir trabalhar ou descansar após a jornada. A análise dos discursos permite verificar que a maioria dos trabalhadores entende que as condições de trabalho são os fatores determinantes para o surgimento desses sintomas osteomusculares, como a manipulação de peso excessivo, as posturas inadequadas, o trabalho repetitivo, dentre outros. Dentre as propostas de intervenção citadas pelos trabalhadores, estão a melhora da postura através de treinamentos, trabalho em equipe, ginástica laboral e técnicas de relaxamento, mudanças de equipamentos, entre outras. A análise dessas propostas subsidiou a criação do manual Prevenindo Sintomas Musculoesqueléticos no ambiente hospitalar, para ser utilizado no treinamento da equipe sobre as posturas corretas durante o trabalho. Outras medidas são sugeridas, dentre elas, o re-estudo do dimensionamento do pessoal de enfermagem e a sua adequação, a criação de um programa de ginástica laboral e de um local de descanso para os trabalhadores. Após a implementação dessas mudanças, sugerimos um estudo comparativo sobre a ocorrência de sintomas musculoesqueléticos na população de estudo, para avaliar a efetividade da intervenção.

ASSUNTO(S)

doenças musculoesqueléticas enfermagem intensive care units musculoskeletal disorders occupational health nursing saúde ocupacional unidades de terapia intensiva

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