Sintomas estressantes e qualidade de vida entre homens com câncer

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Pacientes oncológicos experimentam ocorrência de múltiplos sintomas, o que gera grande impacto em sua qualidade de vida. Percebemos que pouco influenciamos na qualidade de vida de homens em tratamento oncológico, uma vez que não abordamos a saúde do homem na concepção relacional de gênero, além de, no Brasil, desconhecermos instrumentos válidos e confiáveis que avaliem a experiência de múltiplos sintomas. O Symptom Experience Index (SEI) é um instrumento desenvolvido e validado nos EUA que, a partir de 41 itens, em escala de Likert, identifica as ocorrências de sintomas e as intensidades de estresses a eles relacionados para avaliação das experiências de sintomas. Neste estudo, esse instrumento foi validado para versão em português (SEI-P), junto a 40 pessoas saudáveis, quanto à confiabilidade e consistência interna (Alfa de Cronbach = 0,96 e Coeficiente de Correlação Intraclasse = 0,93) para posterior investigação da experiência de sintomas e qualidade de vida entre homens com câncer de próstata (n=73), colorretal (n=45) e pulmão (n=20). A população estudada (n=138) estava na faixa etária de 32 a 88, a maioria apresentava as seguintes características sociodemográficas: residia em Belo Horizonte, casada, baixa escolaridade, baixa renda familiar e era aposentada. Quanto às características clínicas apresentou desempenho clínico pessoal de 0 a 1 na escala ECOG (n=129/93,7%), relatou ser ex-fumantes (n=76/56%) e ter parado de consumir bebida alcoólica (n=58/42%), possuía comorbidades (n=96/70%) e metástase (n=72/53%). As ocorrências de sintomas (média/desvio padrão) foram mais intensas para: os homens com câncer de colorretal nos domínios da fadiga (2,08 ± 2,41), distúrbios alimentares e gástricos (2,04 ± 2,54); os com câncer de próstata envolveram os sintomas da fadiga (2,38 ± 2,69) e dificuldades no controle de micções (1,87 ± 2,05); para os com câncer de pulmão as maiores ocorrências encontraram-se no domínio neurológico (3,42 ± 3,10), vindo, a seguir, dor e desconforto (3 ± 1,52), problemas respiratórios (2,14 ± 1,77) e insatisfação com mudanças na aparência física (1,14 ± 1,06). A medida da intensidade de estresse para cada sintoma seguiu essa distribuição em alguns domínios, determinando as experiências de sintomas. Os homens com câncer de pulmão apresentaram maior média de ocorrência de sintomas, bem como do estresse a eles relacionados. A dor foi avaliada, também, com o McGill reduzido. A dor sensorial foi mais acentuada nos grupos de câncer de próstata (9,52 ± 6,88) e pulmão (9,41± 5,14), enquanto a dor afetiva foi mais presente no grupo de câncer colorretal (6,00 ± 3,82). Os sujeitos do estudo apresentaram qualidade de vida prejudicada, porém não de forma acentuada, avaliada pelo WHOQOL-breft. O domínio com pior escore foi o físico, principalmente para os homens com câncer de pulmão (13,89 ± 2,89). A qualidade de vida apresentou significante correlação com a experiência de sintomas para os grupos de câncer colorretal (r= -0,40/p=0,01) e de pulmão (r= -0,58/p=0,009). A questão de gênero e saúde revelou se de maneira acentuada neste estudo, sugerindo que é preciso ir além de avaliações clínicas para nos aproximar da subjetividade masculina na tentativa de implementar intervenções preventivas, educativas e paliativas para promoção de uma melhor qualidade de vida para homens com câncer.

ASSUNTO(S)

enfermagem teses enfermagem decs gênero e saúde decs adulto decs meia-idade decs neoplasias/psicologia decs determinação de necessidades de cuidados de saúde decs idoso de 80 anos ou mais decs fatores socioeconômicos decs idoso decs saúde do homem decs humanos decs qualidade de vida/psicologia decs enfermagem oncológica decs estresse decs masculino decs dissertações acadêmicas decs

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