Síndrome de Burnout e relações sociais no trabalho : um estudo com professores da educação básica

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A síndrome de burnout em docentes é um problema que vem preocupando os estudiosos nas últimas décadas, chegando a ser considerado um problema de saúde pública nesse segmento ocupacional. O presente trabalho foi desenvolvido com 8744 professores da educação básica de uma rede estadual de ensino e teve como objetivo estudar a relação entre as três dimensões da síndrome de burnout (exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional) e variáveis de relações sociais no trabalho (suporte social recebido dos pares e da chefia e conflito trabalho família). Tal recorte é resultado de descoberta empírica evidenciada por meio de processo indutivo que expôs as variáveis de relações sociais como importante categoria a ser investigada no sentido da compreensão do desenvolvimento de burnout, evidência esta confirmada na literatura. A pesquisa apoiou-se em estudos anteriores desenvolvidos no Laboratório de Psicologia do Trabalho LPT/UnB, os quais propõem, como elemento central da etiologia de burnout, a ruptura da relação afeto-trabalho, sem desconsiderar que tal ruptura é afetada por grande número de variáveis presentes no ambiente de trabalho, dentre as quais aquelas aqui selecionadas como objeto de análise. A coleta de dados foi feita utilizando, para a avaliação das dimensões de burnout, um instrumento elaborado e validado no LPT/UnB, inspirado no MBI Maslach Burnout Inventory. As escalas de relações sociais no trabalho fazem parte de um inventário de avaliação das condições subjetivas de trabalho, denominado Diagnóstico Integrado do Trabalho DIT, elaborado e validado pelo LPT/UnB. Tendo como variáveis-critério as três dimensões da síndrome de burnout e como preditoras as variáveis de relações sociais já mencionadas, os resultados encontrados permitem inferir que a síndrome de burnout é afetada por relações sociais no trabalho. Exaustão emocional teve como principal preditor o conflito trabalhofamília, seguido do suporte social percebido dos pares; despersonalização teve como principal preditor o conflito trabalho-família, sendo que o suporte social agregou pouco poder explicativo no modelo de regressão. O principal preditor de baixa realização profissional foi suporte social recebido dos pares, seguido do conflito trabalho-família. Assim, os resultados indicam que conflito trabalho-família aumenta os níveis de burnout, contribuindo para o aumento da exaustão emocional da despersonalização e da baixa realização profissional. No sentido oposto, o suporte social contribuiu para reduzir esses níveis. Entre as limitações mencionadas, está a ausência de dados qualitativos que subsidiem a contextualização e interpretação dos resultados encontrados.

ASSUNTO(S)

psicologia burnout relações sociais no trabalho conflito trabalho-família work-family conflict social support social relations at work teachers burnout suporte social professores

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