Sentidos do trabalho e sua relação com o projeto de vida de universitários

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A categoria trabalho está no próprio fundamento do ser social. A partir das transformações tecnológicas e produtivas e do fenômeno do desemprego em massa, o trabalho passou a ser tema central nos debates científicos. O objetivo desta tese foi compreender quais sentidos do trabalho se fazem presentes na construção do projeto de vida de um grupo de formandos de uma universidade pública. Pretendeu-se identificar as relações entre trabalho e projeto de vida, descrever os processos de planejamento de futuro e indicar como estes são traçados. Quais são suas percepções sobre as (im)possibilidades de futuro em um mercado de trabalho e como vivenciam a transição da universidade/trabalho em um contexto competitivo e excludente na busca de oportunidades. Utilizou-se metodologia qualitativa e entrevistas semi-estruturadas voltadas sobre a temática do trabalho, transcritas e submetidas à análise do discurso, baseada no pensamento de Vygotski. Foram entrevistados 14 brasileiros, de ambos os sexos, com idades entre 22 e 28 anos, na condição de formandos (faltando um semestre letivo para se graduarem). A tese estrutura-se em seis partes: na primeira e segunda de caráter teórico, analisam-se a dinâmica dos sentidos, os referenciais que embasam os conceitos: sentidos do trabalho e projeto de vida. Na terceira parte as contradições da transição, e na quarta os procedimentos que nortearam a análise. Na quinta parte a discussão sobre os resultados obtidos, e na sexta as considerações finais. Preocupou-se em chamar a atenção para políticas públicas que atendam ao período de transição. O sentido do trabalho na sua relação com o projeto de vida aponta para a dependência estrutural da atividade profissional na subjetividade dos universitários. A construção de um projeto de vida se estabelece na fragilidade ou incerteza do futuro, torna-se um projeto adiado, existe uma vida para o posterior. A expectativa do desemprego representa uma zona de conflito nos sentidos do trabalho, frente ao risco social de não inclusão configurando-se, portanto como um sentimento de vulnerabilidade. A busca constante de novos requisitos e qualificações para se inserir em um mercado indeterminado revelam um sujeito em constante sentimento de falta, reproduzindo a ideologia da qualificação. O discurso dos formandos nos remete a conhecer um lugar social do singular e do coletivo, sinalizando as amarras discursivas que responsabilizam o sujeito pelo desencontro entre a teoria ensinada e a prática exigida. Na relação dialética entre objetividade e subjetividade a mediação da palavra registra as fases transitórias das mudanças sociais. O formando tem suas ações presentificadas se utilizando de estratégias de sobrevivência cada vez mais transitórias. Frente aos pressupostos levantados foi possível a compreensão de que o discurso dos universitários é inseparável de uma proposta em se responder ao futuro, é decisivo re-significar a relação entre o sujeito e o trabalho, onde a possibilidade da alteridade esteja presente.

ASSUNTO(S)

percepção mercado de trabalho trabalho - aspectos psicologicos estudantes universitarios psicologia

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