Senha do Mundo - Narrativas de jovens em experiências de acesso à cultura

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

31/08/2010

RESUMO

A dissertação ―Senha do Mundo, narrativas de jovens em experiência de acesso à cultura‖ é um trabalho que transpõe tempos distintos na relação de ação e reflexão nas fronteiras que vinculam os territórios da Educação e da Cultura. Trata-se, por um lado, de uma pesquisa que nasceu como dissertação, do meu olhar contemporâneo - na condição de gestor de uma Secretaria Municipal de Cultura - e que desse lugar vem pensando os efeitos possíveis, sobre os sujeitos em seus percursos escolares, de políticas públicas que garantam ao cidadão o direito de acesso à Cultura em suas múltiplas dimensões. Paralelamente, é um trabalho que evoca uma densa experiência processada num tempo passado, bem como as narrativas dela constituídas tomando-se por base os processos de significação elaborados em função da vivência compartilhada por um grupo de jovens que, pela relação com a cultura, encontraram uma possibilidade de redefinição dos rumos da própria vida e passaram a trilhar um caminho de sucesso escolar e profissional, rompendo um círculo vicioso de pobreza e exclusão que marcava suas vidas. A questão central de investigação pode ser assim descrita: quais as percepções que os sujeitos participantes de uma experiência singular com a produção cultural no interior do espaço escolar possuem, hoje, sobre a vivência do direito à cultura e de que modo essa percepção manifesta-se em suas narrativas individuais e grupais? Para tanto, buscou-se criar condições que permitissem a emergência das narrativas de sete jovens participantes de um projeto de arte e cultura, no contraturno escolar ao longo dos anos de 1995 a 2005, em uma escola de periferia urbana de Juiz de Fora. A opção metodológica que gerou o desenvolvimento da pesquisa pautou-se na busca da construção de dispositivos disparadores de lembranças eleitos no processo de pesquisa. Esses objetos menemônicos escolhidos trazem também, as minhas narrativas e reinterpretações sobre o vivido, tendo como foco a mobilização de diferentes linguagens advindas de diferentes suportes culturais, de modo coerente com aquilo que pautou a vivência de uma escola que dialogava sistemicamente com dimensões múltiplas da cultura. Cartas, videoclipe com 135 fotos da trajetória do grupo além de um grupo focal, assumem a função desses disparadores e são capazes de desacomodar as camadas de memórias no indivíduo. Para interpretar as narrativas foram incorporados os conceitos de Ecléa Bosi sobre memória dos cidadãos ligados às classes trabalhadoras; direito a cultura através das propostas e estudos de Marilena Chauí; as idéias sobre narrativas de Michel Conelly e Jean Clandinin, além do pensamento estruturado de Michel de Certeau em torno do conceito cultura no plural. Como elo de ligação entre o tempo do passado, na experiência do vivido, e o tempo presente, como um momento de reinterpretação e ressignificação optei por, ao longo do texto, utilizar a poesia de Carlos Drummond de Andrade como uma metanarrativa articuladora de tempos, intérprete da experiência e produtora de sentidos sensíveis para o leitor. Essa escolha se justifica pela história do grupo e a relação que guarda com as palavras tratadas com beleza pelo poeta e por dialogarem diretamente com nossas narrativas

ASSUNTO(S)

educacao teatro cultura escolar memória e narrativa direito à cultura school culture memory and narrative right to culture

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