Selectivity of fish ladders: a bottleneck in Neotropical fish movement

AUTOR(ES)
FONTE

Neotropical Ichthyology

DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Dezenas de escadas de peixes foram construídas em barragens de reservatórios brasileiros, mas são raros os estudos acerca de suas eficiências como instrumentos de conservação da ictiofauna Neotropical, em especial de espécies migradoras. Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a seletividade específica no ingresso e ascensão de peixes na escada localizada junto à barragem de Lajeado (UHE Luis Eduardo Magalhães, rio Tocantins). Amostragens foram realizadas mensalmente de novembro de 2002 a outubro de 2003 nos tanques de descanso da escada, utilizando tarrafas, e no trecho a jusante, utilizando redes de espera. A avaliação da seletividade no ingresso da escada foi realizada através da comparação da ocorrência, abundância relativa, dominância e congruência dos ranks de abundância de espécies migradoras e não migradoras na escada e no trecho imediatamente a jusante. A riqueza e abundância específica nos diferentes tanques de descanso foram utilizadas para avaliar a seletividade ao longo da escada. Os efeitos das variações temporais do nível hidrométrico de jusante e da velocidade de fluxo na seletividade foram também analisados. Das 130 espécies registradas a jusante, 63,2% foram capturadas na escada, com claro favorecimento das espécies migradoras. Entretanto, mais de 2/3 das capturas pertenceram a apenas três espécies (Rhaphiodon vulpinus, Psectrogaster amazonica e Oxydoras niger). Embora a maioria das espécies que ingressa na escada possa alcançar seu topo, constatou-se uma redução pronunciada na abundância. Variações temporais no nível da água a jusante da barragem influenciaram a riqueza e a abundância de peixes que se concentram na entrada e dentro da escada, com redução nos valores durante períodos de níveis baixos. Já na escada, a velocidade de fluxo de 2,3 m.s-1, embora também seletiva, mostrou-se mais adequada à ascensão de peixes em relação a de 2,8 m.s-1. Conclui-se, portanto, que o ingresso e a ascensão de peixes na escada não são congruentes com a composição e relações de abundância das espécies no trecho a jusante. O conjunto de espécies que efetivamente ascende a escada é dominado por poucas espécies, podendo incluir entre as dominantes aquelas que não necessitam ser transpostas. Dessa maneira, a seletividade se constitui num importante gargalo nas iniciativas de transposição de peixes visando a conservação dos estoques ou da biodiversidade, sendo urgente a revisão do processo decisório sobre a construção destes dispositivos e a avaliação acerca do funcionamento daquelas já construídas.

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