Segregação espacial entre Chalceus guaporensis e Chalceus epakros (Osteichthyes: Characiformes) no rio Madeira, Bacia Amazônica
AUTOR(ES)
TORRENTE-VILARA, Gislene, CELLA-RIBEIRO, Ariana, HAUSER, Marília, RÖPKE, Cristhiana, FREITAS, Maria Helena, DORIA, Carolina Rodrigues da Costa, ZUANON, Jansen
FONTE
Acta Amaz.
DATA DE PUBLICAÇÃO
2018-09
RESUMO
RESUMO Chalceus guaporensis é descrita como uma espécie endêmica do alto rio Madeira, enquanto C. epakros está amplamente distribuída em rios das porções central e inferior da bacia Amazônica, no médio e alto rio Orinoco, e nos rios Essequibo, na Guiana, e Nanay, no norte do Peru. A literatura não registra essas espécies como sintópicas. Expedições ictiológicas realizadas ao longo do rio Madeira e suas corredeiras nos deram a oportunidade de registrar a presença, abundância, habitat e dieta utilizadas por essas espécies. Chalceus guaporensis e C. epakros são muito similares morfologicamente, ocupam habitats inundáveis e apresentam espectro alimentar semelhante. A primeira espécie predominou a montante da cachoeira Jirau, enquanto que a segunda teve a maior parte de sua abundância registrada à jusante das cachoeiras do rio Madeira. Ambas espécies coocorreram ao longo de parte do trecho de corredeiras e no rio Machado, mas com abundâncias muito desiguais. Esse padrão pode ter se desenvolvido no passado, por especiação, em função da presença das corredeiras, enquanto a coocorrência das duas espécies parece ser regulada por interações competitivas ou mantida por diferenças sutis em requisitos ecológicos no tempo atual. O recente barramento do rio Madeira por duas hidrelétricas construídas em cascata submergiu uma grande porção do trecho de corredeiras e o substituiu por habitats semilênticos, criados pelos reservatórios das hidrelétricas a fio d’água, juntamente com a construção de uma passagem para peixes. Essas alterações ambientais podem permitir que C. epakros invada o trecho superior da bacia do rio Madeira, com possíveis impactos negativos sobre a população da espécie endêmica C. guaporensis.
ASSUNTO(S)
alestidae coexistência biologia barreira geográfica água branca
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