Sedimentologia, sismoestratigrafia e evolução da plataforma continental interna na área sob influência dos rios Itajaí-Açu e Camboriú, litoral Centro-Norte de Santa Catarina

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

A Margem Continental Brasileira é setorizada em três compartimentos definidos pelas suas características tectônicas, fisiográficas e sedimentológicas. De Norte a Sul a margem continental se divide em: Setor Norte, entre o cabo Orange (AP) ao cabo Calcanhar (RN), Setor Nordeste/Leste, cabo Calcanhar até a cadeia Vitória- Trindade (ES) e o Setor Sul se estendendo desde esta formação montanhosa até a fronteira com o Uruguai no Estado do Rio Grande do Sul. Durante a execução do Projeto Reconhecimento Global da Margem Continental Brasileira (REMAC) entre 1972 e 1983, a porção Sudeste-Sul da margem foi caracterizada quanto à geomorfologia das suas províncias fisiográficas e à cobertura e feições sedimentares mais conspícuas. Pelas suas características esta porção da margem se diferencia, estrutural e fisiograficamente, da margem Nordeste/Leste e Norte, principalmente pela intensa sedimentação observada, determinando um caráter progradacional da região. Este aspecto resulta no desenvolvimento de províncias extremamente amplas exibindo gradientes suaves, com a quebra da plataforma não muito distinta, transicionando suavemente para um talude de relevo igualmente suave e de perfil ligeiramente convexo. O segmento da plataforma continental brasileira contigua ao litoral do Estado de Santa Catarina situa-se no extremo sul do Embaíamento de São Paulo, uma concavidade da costa cujos extremos são demarcados pelo cabo Frio, no Estado do Rio de Janeiro, e o cabo Santa Marta, já em Santa Catarina. É justamente no Embaíamento de São Paulo que a margem continental brasileira apresenta maior largura em toda a plataforma continental brasileira. Ao sul do Município de Santos (SP), a quebra ocorre a 180 m de profundidade a cerca de 120 km da costa. A superfície da plataforma, neste trecho da margem continental, é predominantemente coberta por areia, muito embora ocorram depósitos de lama nas áreas sob a influência das baías de Santos (SP), Paranaguá (PR), São Francisco do Sul (SC) e na desembocadura da laguna dos Patos (RS). Ainda segundo as pesquisas realizadas na área, este padrão deposicional com grande predominância arenosa confere a plataforma, um caráter relicto dos sedimentos presentes na plataforma continental situada entre São Paulo e Santa Catarina. A Plataforma Continental Sul-brasileira se encontra razoavelmente bem estudada, principalmente nas costas dos Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. Os resultados destes trabalhos caracterizam, não só a cobertura e as estruturas sedimentares presentes, mas também a evolução geomorfológica desta província ao longo do Período Quaternário, à luz de variações relativas do nível do mar à que esteve submetida esta margem continental. Na plataforma continental adjacente a Santa Catarina as características da cobertura sedimentar superficial já foram objeto de estudo na sua porção sul e na região interna do litoral norte. Entretanto, um maior detalhamento sobre esta distribuição ainda deve ser realizado, acompanhado pelo entendimento da dinâmica que controla o transporte destes sedimentos, das taxas de sedimentação e da sua estrutura subsuperficial. Resultados destes estudos podem contribuir para o entendimento do processo evolutivo deste segmento da plataforma continental interna adjacente ao litoral de Santa Catarina. A pesquisa que agora se desenvolve tem o objetivo de estudar estes processos dando enfoque aos aspectos relacionados ao padrão de distribuição e das fácies e estruturas sedimentares presentes na área de estudo. Esses objetivos foram alcançados por meio da análise de dados sedimentológicos superficiais, obtidos com o emprego de amostradores de fundo, e pela interpretação de dados sonográficos que recobriram partes da área de estudo, notadamente naquelas regiões onde anteriormente foram encontrados depósitos arenosos da plataforma continental. O levantamento geofísico se completa com a análise de padrões de reflexão acústica identificados em registros sísmicos de alta resolução que forneceram dados para determinar a espessura das camadas superficiais, a distribuição das fácies internas e o padrão de estratificação das camadas internas ao pacote sedimentar da plataforma continental da área em questão. Com a análise e interpretação dos elementos constituintes da geomorfologia superficial e subsuperficial foi possível compreender e descrever alguns dos estágios evolutivos que resultaram na conformação sedimentar e geomorfológica fornecendo indícios da existência de antigos ambientes deposicionais, atualmente soterrados na plataforma continental, por eventos sedimentares posteriores. Com os resultados alcançados neste trabalho espera-se contribuir para o conhecimento desta região, bem como para o estado da arte sobre a evolução da Margem Continental Sul do Brasil, de maneira geral e, de maneira específica, para a Plataforma Continental de Santa Catarina.

ASSUNTO(S)

itajaí-açu, rio (sc) geologia marinha camboriú, rio (sc) sedimentologia

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