Saúde física e mental de mulheres no climatério : análise sob o modelo de crenças em saúde

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Dentre as fases de vida da mulher, o climatério é uma realidade nos lares e independe de classe social, sexo, crenças e preceitos religiosos. A banalização de situações da saúde da mulher vivenciadas ao longo da história parece ter contribuído para a naturalização desse fenômeno, pois, apesar dos discursos oficiais e das políticas públicas preconizarem a noção de que as mulheres rompam o silêncio da dominação e da submissão aos serviços de saúde, a realidade na consecução desse processo é contraditória. Este estudo teve como objetivo analisar a saúde física e mental de mulheres no climatério atendidas na Unidade Básica de Saúde à luz do Modelo de Crenças em Saúde; verificar, junto a estas mulheres, a susceptibilidade dos problemas em relação à saúde física e mental; identificar a seriedade das alterações vivenciadas e as práticas realizadas por elas no climatério; analisar os benefícios ou barreiras percebidas pelas mulheres sobre as práticas preventivas em saúde. Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa desenvolvida com 25 sujeitos que estavam no climatério no período de dezembro de 2007 a fevereiro de 2008, no Núcleo de Atenção Médica Integrada - NAMI e no Centro de Saúde da Família Matos Dourado. Para a coleta de dados, foi empregadas a entrevista semi-estruturada e observação livre. A entrevista foi gravada e realizada no local disponibilizado pelo serviço e as observações registradas no diário de campo. Os resultados foram agrupados em quatro categorias com base nos objetivos e dimensões do modelo de crença em saúde: susceptibilidade física e mental à doença; percepção da mulher quanto à severidade das queixas; benefícios encontrados para superar as queixas e barreiras no enfrentamento das queixas. Essas categorias foram organizadas de acordo com análise de conteúdo e fundamentadas nos conceitos do Modelo de Crença em Saúde. Os resultados evidenciaram que as dificuldades físicas estão relacionadas com a incapacidade de lidar com os afazeres domésticos, dor em diferentes locais do corpo e dificuldades com a sexualidade. A susceptibilidade também emergiu na possibilidade e ficar sempre doente. As mulheres falaram de seus problemas de forma variada e procuraram ajuda para transformar a situação. O medo, a falta de apoio, a dependência financeira, a vergonha, a maternidade e a cultura surgiram como percepção da suscetibilidade e ao mesmo tempo foram identificados como barreiras pelas mulheres. O risco de morte foi o principal fator percebido como severidade. O apoio da família, de amigos, os serviços e a proteção de Deus foram os benefícios relatados, configurando-se como formas de enfrentamento. Para elas, o climatério ultrapassou os limites da natureza física, pois envolveu sofrimento físico, psicológico, emocional, econômico e social. Nesta pesquisa, foi observado que as mulheres são susceptíveis à doença, mantêm um nível de severidade com pouca expectativa de melhora, mas, mesmo assim, buscam recursos que beneficiem a situação de gravidade da doença. Os benefícios surgiram na forma de apoio, e para minimizar as barreiras, buscaram respostas no suporte familiar e nos locais de apoio social.

ASSUNTO(S)

menopausa - dissertaÇÕes climatÉrio - dissertaÇÕes mulheres - saÚde - dissertaÇÕes saude coletiva

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