Saude do trabalhador : um estudo sobre as formações discursivas da academia dos serviços e do movimento sindical

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1996

RESUMO

A abordagem teórico-metodológica das relações entre Saúde e Trabalho tem tido preponderância, entre nós, da visão adotada pela Medicina do Trabalho e pela Saúde Ocupacional. Ocorre que, a partir do final dos anos 70, com a consolidação e a militância do "novo sindicalismo" ligado ao proletariado urbano tal abordagem começa a ser questionada por um outro "olhar" baseado nas formulações da Medicina Social Latinoamericana (MSL), através da idéia de determinação social do processo saúde/doença e da central idade do trabalho nesta determinação. Os reflexos da contribuição da MSL são observados tanto na Academia a qual abrese para ela, quanto nos Serviços de saúde, que passam então a incorporar a participação dos trabalhadores organizados em sindicatos, os quais num movimento concomitante aproximam-se dos serviços públicos de saúde, inaugurando um relacionamento democrático entre Estado-Sociedade, o que leva à criação dos Programas de Saúde do Trabalhador (PSTs) em meados dos anos 80. É a trajetória deste movimento que contribui para a construção do campo de saberes e práticas aqui denominado de Saúde do Trabalhador que será analisada neste estudo, a partir da História Arqueológica e da Genealogia de Michel Foucault. Considerando então, as práticas discursivas da Academia, dos Serviços de saúde e do Movimento sindical nos últimos 30 anos, procurou-se investigar o grau de identidade que atingiu este campo, por referência à Medicina do Trabalho e à Saúde Ocupacional e seu nível de "epistemologização". Tratou-se também de avaliar as perspectivas de seu desenvolvimento e limites, levando em conta a permeabilidade da produção acadêmica às formulações da MSL em Saúde e Trabalho e dos serviços na consolidação dos Programas de Saúde do Trabalhador na rede pública de saúde. Ao lado disso, foi alvo de atenção o movimento sindical em consequência da luta que empreendeu desde o final da década de 70 pela melhoria das condições de trabalho e defesa da saúde, que impulsionou a trajetória. Buscou-se, ainda, avaliar as repercussões que o campo trouxe para o ensino e a pesquisa acadêmica na área da Saúde Pública e da Medicina Preventiva e Social, bem como na formulação de propostas programáticas nos serviços da rede pública. Conclui-se com a constatação de um refluxo na atuação sindical após o "boom" dos anos 80, sendo que o momento atual marcaria um re-arranjo de estratégias; aliado a um retrocesso nas experiências programáticas mesmo com a municipalização da saúde. Ao nível da Academia nota-se uma maior permeabilidade, com consequente maior visibilidade do campo nas práticas acadêmicas de pesquisa em Saúde Pública, quando comparadas com as de Medicina Preventiva e Social dadas as temáticas abordadas e a sua atualidade, fazendo pressupor ser este o espaço privilegiado, isto é, a Academia, no que diz respeito à perspectiva do crescimento teórico-metodológico do campo, o que não prescinde do estímulo da atuação sindical e dos serviços, que estariam atualmente em relativo descompasso quanto ao seu potencial de fazer avançar e crescer o campo da Saúde do Trabalhador

ASSUNTO(S)

medicina do trabalho analise do discurso trabalhadores sindicatos higiene industrial

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