Saúde do Trabalhador da Saúde: com a palavra a Secretaria Municipal de Saúde

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

28/02/2012

RESUMO

O trabalho tem sido afirmado como lugar de significações desejantes, fonte de auto-valoração, de auto-percepção e produção de sujeitos. Podendo ser encarado portanto, como palco de expressões subjetivas e lutas políticas. Desse modo, a relação que se constrói entre o trabalhador e seu fazer suplanta a mera execução de tarefas coordenadas visando um produto, influindo de maneira contundente na saúde deste trabalhador, tendo a organização do processo de trabalho papel fundamental neste processo. Todavia, o que a literatura científica afirma no setor saúde é a presença ainda marcante de modelos de gestão do trabalho focados na produção e que tratam os trabalhadores como recursos que devem ser preservados a fim de que tal produção se mantenha. Modelos inspirados na produção fabril. Não obstante, a literatura aponta também para o adoecimento expressivo de trabalhadores do setor saúde. Por esta razão, políticas e diretrizes têm sido formuladas nos cenários nacional e internacional voltadas a este público-alvo, a ponto da Organização Mundial de Saúde (OMS) eleger o período de 2006 a 2016 como a década da valorização do trabalho e dos trabalhadores de saúde. Assim, a pesquisa investigou qual a compreensão que a Secretaria Municipal de Saúde de Vitória (SEMUS) tem sobre a saúde do trabalhador do setor saúde. Buscou com isto compreender qual a concepção deste órgão governamental a respeito das causas do adoecimento dos trabalhadores de saúde e as propostas de seu enfrentamento. Utilizou-se a metodologia da Análise Temática de Conteúdo (ATC) para analisar relatórios de gestão e a metodologia do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) para analisar as entrevistas. Foram entrevistadas 10 (dez) gestoras envolvidas com a discussão da temática de Saúde do Trabalhador de Saúde (STS). Observou-se que a SEMUS não tem consenso sobre o tema, todavia sugere haver um alto índice de adoecimento dos trabalhadores de saúde. Quanto as causas deste adoecimento houve uma preponderância de respostas que o atribuíram a características dos trabalhadores. A Secretaria afirmou ainda não haver política específica voltada à diminuição deste processo de adoecimento, apesar de haverem políticas indiretas como a de contratos efetivos e a de melhorias nas condições infra-estruturais de trabalho. Entretanto, afirmou que neste mesmo período os índices de adoecimentos e a insatisfação com o trabalho aumentaram. Uma das causas parece ser a diminuição da co-gestão. Assim, concluiu-se que estratégias que busquem a diminuição do processo de adoecimento dos trabalhadores de saúde não devem preterir a co-gestão do trabalho, pois estarão ratificando modelos de gestão hegemônicos que expropriam a autonomia dos trabalhadores, reduzindo possibilidades de gerir seu trabalho e obter prazer com isso

ASSUNTO(S)

saude coletiva setor de assistência à saúde saúde do trabalhador gestão de pessoal em saúde health care sector workers health health personnel management

Documentos Relacionados