Samuel Beckett: do figurativo ao figural / Samuel Beckett: from figurative to figural

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

27/07/2012

RESUMO

Companhia, publicada originalmente em inglês no ano de 1980, é uma narrativa construída na fronteira entre imaginação e enunciação por um sujeito solitário que, deitado de costas no escuro, fabula continuadamente em busca de companhia. Ela se inclui entre as narrativas de Samuel Beckett cuja trama se passa no espaço mental de seus protagonistas, na região comumente chamada de manicômio do crânio. Conhecida por características que a mantêm distante dos esquemas teóricos universais, apresenta uma abundância de programas narrativos que se anulam uns aos outros, resultando num forte clima de incerteza implicado na situação desse homem deitado de costas no escuro, protagonista da história. Contribuem para esse efeito, também, o emprego de anáforas, que não remetem a nenhuma referência segura; a hipóstase dos papéis actanciais, em que actantes se fazem passar por atores; a estruturação dos parágrafos, distribuídos sem relação lógica explícita que os articule uns aos outros; a articulação de determinados eixos semânticos (como luminosidade, solidão, subjetividade, silêncio, entre outros) sob ótica de uma sublógica da língua, que estabelece o primado das relações complexas sobre as articulações da significação pautadas em dicotomias. Com base na teoria semiótica francesa, a presente pesquisa procura demonstrar que esses elementos, que em Companhia promovem o efeito de incerteza, são decorrentes de operações sintáxicas meticulosamente organizadas pelo enunciador beckettiano. Constituem, portanto, procedimentos discursivos que, apesar do forte clima de incerteza vi mencionado, podem ser descritos por meio de análise, especialmente na articulação de sua dimensão figurativa com a dimensão profunda, a figuralidade. Ao longo da análise (desenvolvida na Segunda Parte da tese), procuramos acompanhar o contraponto das diferentes vozes entrelaçadas na trama, sem deixar de considerar os conteúdos dos episódios narrados pela voz na segunda pessoa gramatical. Desse modo, o conflito das vozes responsáveis por estabelecer o ritmo e a tensividade na narrativa está diretamente relacionado com o conteúdo desses episódios, formulados pela voz na segunda pessoa, na forma de fragmentos biográficos desarticulados uns dos outros. Por fim, ao investigar algumas questões de ordem fenomenológica envolvendo o protagonista de Companhia, apresentamos uma possível perspectiva do enfoque figural em outras obras representativas do discurso literário do século XX.

ASSUNTO(S)

minimalism companhia company complexidade complexity concessão concession figural figural minimalismo

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