Rumo à metapsicologia dos limites: o diálogo possível entre a teoria pulsional e a teoria das relações de objeto e algumas de suas consequências - Freud, Winnicott e Green / Towards metapsychology of limits: the possible dialogue between drive theory and object relational theory and some of its consequences Freud, Winnicott and Green

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Este trabalho fundamenta-se na compreensão da metapsicologia dos limites como parte da teoria psicanalítica que visa compreender a estruturação e o funcionamento dos limites do psiquismo, bem como parte da teoria psicanalítica que se destina a compreender a etiologia, o funcionamento e o tratamento das patologias-limite, manifestações decorrentes de falhas na constituição e no funcionamento dos limites do psiquismo. Tem como hipótese de pesquisa que o giro metapsicológico exigido pelos estados-limite se coloca menos no sentido de ampliar a diversidade de modelos teóricos e mais no sentido de fazer dialogar dois modelos teóricos que estão na base do pensamento psicanalítico, mas que foram historicamente separados e considerados incompatíveis, a saber: o modelo pulsional e o modelo das relações objetais. Os objetivos deste trabalho são os de (1) questionar os limites da oposição entre a teoria pulsional de Freud e a teoria relacional de Winnicott, (2) apresentar a alternativa que André Green propõe para essa aparente oposição, argumentando a favor da concepção de pulsão e objeto como um par inseparável, bem como (3) apresentar e discutir algumas consequências metapsicológicas do diálogo possível entre essas duas teorias a partir do estudo de Freud e de Winnicott, dando também destaque para as contribuições de André Green para esse diálogo a fim de verificar se a hipótese explicitada acima se sustenta. A presença do objeto na teoria freudiana e a presença do instinto na teoria winnicottiana num segundo momento do desenvolvimento emocional denotam certa abertura nessas teorias para o diálogo entre elas. A forte oposição entre essas teorias apontada pela literatura psicanalítica parece ser fruto de um momento histórico. Contudo, conclui-se também que o diálogo entre essas teorias deve ser realizado dentro de certos limites que contemplem a constatação que Freud e Winnicott se dedicaram ao estudo de dois níveis diferentes de apreensão do Self, que estão relacionados, mas não se sobrepõem. André Green, a princípio, desconsidera o limite desse diálogo a partir da argumentação de que a pulsão e o objeto formam um par inseparável, o que torna inadmissível uma teoria que se organize apenas em um desses pólos, promovendo, com isso, uma releitura de Freud e Winnicott e produzindo importantes avanços para a metapsicologia dos limites. Entretanto, mais recentemente, Green apresenta o que denomina de teoria dos gradientes, que corrobora com a constatação de que há limites nesse diálogo. O exame das consequências desse diálogo produziu algumas propostas, entre elas: uma nova reorganização da tópica psíquica a fim de incluir o não-psíquico, produto da desobjetalização e da clivagem, também denominado de terceira tópica; a compreensão das patologias-limite como um tipo específico de neurose narcísica; e o pensamento metapsicológico como auxílio ao analista aos desafios clínicos propostos por esses casos. Por fim, o exame realizado nesta tese demonstra que o giro metapsicológico exigido por essas patologias está na direção do diálogo entre a teoria pulsional e a teoria das relações de objeto, confirmando a hipótese inicial desta pesquisa

ASSUNTO(S)

metapsicologia metapsychology object relations psychoanalysis relações de objeto psicanálise psychoanalytic theory teoria psicanalítica

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