Ritmito superior do grupo Paranoá e fim da deposição na margem passiva

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O Ritmito Superior, do Grupo Paranoá é a unidade de topo na região de Bezerra, e está inserido na Faixa de Dobramentos Brasília. Caracterizado por uma ampla variação faciológica, que compreende siltitos laminados, folhelhos negros, arenitos e intercalações rítmicas de siltitos e argilitos, níveis glauconíticos e lentes carbonáticas, por vezes estromatolíticas, o Ritmito Superior é predominantemente terrígeno na base com contribuição carbonática no topo. A variação faciológica do Ritmito Superior, aliada à imaturidade e origem fluvial do seu substrato Nível Arcosiano - demonstra condições de deposição contrastantes com a homogeneidade característica de bacia de margem passiva, das demais unidades do Grupo Paranoá. O Ritmito Superior compreende cinco fácies definidas pela composição e estruturas, distribuídas irregularmente: 1) Fácies de Ritmito Síltico, 2) Fácies Glauconítica, 3) Fácies Arenito, 4) Fácies de Folhelho, 5) Fácies Carbonática. A Fácies Glauconítica constitui o marco da unidade, tendo ocorrência mais ampla, indicativa de um evento transgressivo. Apresenta-se mais freqüente como arenito verde constituído por porcentagens variadas de glauconita, quartzo, feldspato e óxidos de ferro, nos níveis com contribuição carbonática contém também a clorita. Está fácies também forma lâminas irregulares nos folhelhos, por vezes associada a fosfatos. As fácies pelíticas são constituídas quase exclusivamente por ilita, com contribuição menor de quartzo e feldspato, enquanto os arenitos são feldspáticos. A Fácies Carbonática constitui corpos métricos intercalados nos flolhelhos, contendo estromatólitos do tipo Conophyton, de dimensões decimétricas, comumente quebrados e com sentido de crescimento variado. Os dados de petrografia, raios-X e química mineral, mostram que esta unidade foi submetida a deformações pós-sedimentares que geraram clivagens espaçadas, planares ou não, com recristalização de filossilicatos. Porém o índice de cristalinidade da ilita ICI e química dos filossilicatos confirmam que apesar destas deformações as rochas da Unidade Ritmito Superior atingiram a anquizona, mas não alcançaram o metamorfismo. Diferentes espessuras do Ritmito Superior, a falta de continuidade lateral de fácies, estruturas de deformação sin-sedimentar, estromatólitos colunares quebrados e com diferentes orientações de crescimento indicam instabilidade do substrato. começo desta instabilidade é marcado pela Unidade Nível Arcoseano, cuja área fonte de composição granito-gnáissica foi soerguida, provavelmente, como efeito da flexão da litosfera em resposta à colocação de uma carga tectônica, não emersa, no interior da bacia. Pode também estar associada a esta flexão, o evento transgressivo marcado pela Fácies Glauconítica. Desta forma as rochas da Unidade Ritmito Superior do Grupo Paranoá apresentam feições que podem ser atribuídas ao início da inversão da bacia de margem passiva, relacionada à Orogenia Brasiliana. A deposição desta unidade se deu em um lapso de tempo (time-lag) antes da emersão do orógeno e a formação da bacia tipo foreland na qual foram depositadas as rochas do grupo Bambui.

ASSUNTO(S)

geociências geologia regional glauconitas filossilicatos grupo paranoá folhelhos negros do proterozoico superior deformação sin-sedimentar geologia

Documentos Relacionados