Revisão do gênero Galictis (Mammalia, Carnivora, Mustelidae) utilizando métodos morfológicos e moleculares

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

23/03/2012

RESUMO

A taxonomia forma a base para todas as demais ciências da Biologia, uma vez que é através dessa disciplina que as unidades de vida na natureza são reconhecidas e descritas. Sem a correta delimitação das espécies, pesquisas de outras áreas não poderiam reportar seus resultados, pois não teriam a certeza da identificação das unidades de estudo. A estimativa de que existem milhões de espécies ainda para serem descritas reforça a importância da taxonomia, pois é utilizando as ferramentas dessa disciplina que as espécies são descobertas, delineadas e descritas. Mamíferos carnívoros são animais tidos como bem conhecidos; contudo, alguns táxons desse grupo ainda não foram descritos e tantos outros receberam pouca atenção biogeográfica e taxonômica, impedindo estimativas corretas de riqueza, abundância e status de conservação. O gênero Galictis (Mustelidae, Carnivora) é um exemplo de táxon ainda pouco estudado na região Neotropical, justamente uma das mais ricas e mais ameaçadas regiões do mundo. Informações básicas sobre esses mustelídeos, tais como número exato de espécies, delimitação entre elas, diagnose e distribuição geográfica das mesmas, não foram ainda investigadas com rigor, o que acarreta incertezas sobre alguns tópicos e compromete a sua taxonomia. Para realizar uma revisão taxonômica ampla de Galictis, foram realizadas análises morfológicas e moleculares com base em registros provenientes de toda a distribuição geográfica do gênero. Para a primeira técnica, foram analisados crânios e peles tombados em 22 instituições científicas, e os testes morfológicos assim como a visualização das peles evidenciaram a presença de dois conjuntos de espécimes de Galictis, representando as duas espécies usualmente reconhecidas, G. cuja e G. vittata. Análises filogenéticas com base em segmentos mitocondriais e nucleares corroboraram os resultados morfológicos, com a presença de dois clados bem apoiados que correspondem também a G. cuja e G. vittata. Nenhum outro agrupamento morfológico ou mesmo indícios de um terceiro clado no gênero foi identificado. Esses resultados confirmam a existência de duas espécies e possibilitam o reconhecimento de caracteres morfológicos diagnósticos para elas. Esses caracteres são de utilidade para a identificação de espécimes de museu e podem também auxiliar a identificação de indivíduos na natureza. Com o correto delineamento das espécies, foi possível definir a distribuição geográfica das mesmas e resolver algumas questões atualmente controversas, como a definição da ocorrência exclusiva de G. cuja na região Nordeste do Brasil e o limite austral de G. vittata para a Bacia Amazônia. Por fim, a partir da definição confiável e robusta das espécies, obtida na primeira etapa desta tese, foi possível realizar um estudo intra-específico mais detalhado com foco em G. cuja, englobando análises filogeográficas de marcadores moleculares, bem como variação morfológica ao longo de sua distribuição. Essa espécie se caracteriza de forma geral por considerável variabilidade genética e morfológica, em que se observam alguns padrões geográficos interessantes. Entre estes, pode-se destacar a diferenciação morfológica de populações do Sul do Chile e Argentina, bem como, uma estruturação genética significativa entre três grandes domínios geográficos, e evidência de uma expansão demográfica relativamente recente no sudeste brasileiro. Todos esses resultados embasam o conhecimento sobre o gênero e propiciam ferramentas para estudos futuros que visem a entender a história evolutiva de Galictis na região Neotropical.

ASSUNTO(S)

zoologia mamÍferos carnÍvoros taxionomia mustelidae zoologia

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