Ressonância magnética funcional para avaliação do incômodo do zumbido em pacientes com audiometria normal / Analysis of tinnitus-related annoyance in patients with normal audiometry using functional magnetic resonance imaging

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

INTRODUÇÃO: As terapias mais eficazes para zumbido são baseadas nos modelos psicológico e neurofisiológico, que teorizam que o incômodo existente é resultado da interação dinâmica dos centros auditivos, sistemas límbico e nervoso autônomo. Embora sejam amplamente aceitos na prática clínica, ainda necessitam validação científica. A ressonância magnética funcional (RMf) é um método objetivo capaz de identificar as áreas cerebrais descritas pelos modelos, como também a rede neural relacionada à percepção de estímulos emocionais, que ainda não foi investigada em estudos de zumbido. OBJETIVOS: 1) Baseado nos modelos que explicam o incômodo do zumbido, analisar as áreas corticais auditivas e não-auditivas em adultos normo-ouvintes com e sem zumbido, ativadas durante estimulação auditiva desagradável; 2) de acordo com a teoria da percepção de um estímulo emocional, avaliar se os pacientes com zumbido recrutavam a mesma rede neural para a percepção de sons desagradáveis que os indivíduos sem zumbido. MÉTODOS: Quinze pacientes com zumbido subjetivo crônico não-pulsátil (grupo zumbido, GZ) e 20 voluntários sem zumbido (grupo controle, GC), pareados por sexo e idade, foram submetidos à RMf (1.5 T). Os critérios de inclusão foram: indivíduos destros, audiometria normal, inventário de depressão de Beck <20 pontos e escolaridade equivalente ao segundo grau completo. O paradigma incluiu sons do catálogo IADS (International Affective Digitized Sounds), validados para valência emocional e grau de estímulo, associado à escala análogo-visual SAM (Self Assessment Manikin), modificada para RMf. O paradigma foi praticado previamente em um simulador de RMf. A aquisição de imagens e a apresentação de estímulos foram realizadas através da técnica de seqüência de pulso com ruído acústico minimizado (SPRAM). RESULTADOS: O hipocampo esquerdo foi a área mais ativada no GC e não demonstrou atividade neural no GZ, no qual a maior ativação foi localizada na ínsula esquerda. Áreas auditivas (giro temporal superior e região ínfero-posterior do lobo temporal) e límbicas (ínsula) foram ativadas pelos sons desagradáveis em ambos os grupos. Na análise comparativa, a maior ativação no GZ ocorreu no cerebelo direito (p <0,05) e, no GC, no giro temporal superior esquerdo e giro frontal inferior esquerdo (p <0,05). CONCLUSÕES: A ativação paralela dos sistemas auditivo e límbico aos sons desagradáveis foi demonstrada nos pacientes com e sem zumbido. Entretanto, na comparação entre grupos, áreas límbicas e préfrontais não foram significantemente mais ativadas em pacientes com zumbido. Sugere-se que o cerebelo direito, recentemente relacionado à função cognitiva, pode ser a área não-auditiva envolvida no incômodo do zumbido. Especula-se que o incômodo do sintoma esteja relacionado a anormalidades na percepção emocional, seja pela identificação exacerbada (via ínsula) de sons desagradáveis ou pela ausência de regulação da resposta afetiva (via hipocampo) a este estímulo

ASSUNTO(S)

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