Ressignificar e resistir: a Marcha das Vadias e a apropriação da denominação opressora
AUTOR(ES)
Boenavides, Débora Luciene Porto
FONTE
Rev. Estud. Fem.
DATA DE PUBLICAÇÃO
19/06/2019
RESUMO
Resumo: Este trabalho, embasado na sociolinguística crítica e na Teoria Dialógica do Discurso, analisa a ressignificação do adjetivo opressor proposta pelo movimento Marcha das Vadias. Assim, primeiramente, são discutidos dois temas polêmicos para a sociolinguística: o direito de nomear e a ressignificação voluntária. Após, verifica-se alguns aspectos da linguagem feminista, como a valorização do uso das formas femininas e o jargão enquanto ferramenta de exclusão. Por último, analisa-se a argumentação das organizadoras da Marcha sobre a apropriação consciente da adjetivação opressora (do termo “vadia”). Observa-se que tal adjetivo, quando utilizado pelas participantes da Marcha, é esvaziado de sentidos presentes em sua origem etimológica enquanto vocábulo brasileiro racista (para designar escravizados) e classista (para designar prostitutas), embora tente ressignificar o seu sentido machista, relativo à promiscuidade da mulher.Abstract: This work, based on Critical Sociolinguistics and on Dialogical Theory of Discourse, analyses the resignification of the oppressor adjective proposed by the Slut Walk movement. Thus, firstly, it is discussed two polemic themes to Sociolinguistics: the right to name and the voluntary resignification. Then, it is verified some aspects of the feminist language, as the valorisation of the use of feminists’ forms and the jargon whilst an exclusion tool. Finally, it is analysed the argumentation of the organizers of the Walk about the conscious appropriation of the oppressor adjective usage (of the term “slut”). It is observed that such adjective, when used by the participants of the Walk, is empty of its original etymologic meanings whilst a racist Brazilian vocabulary (to designate enslaved people) and classist (to designate prostitutes), although it tries to resignificate its macho meaning, related to the promiscuity of the woman.
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