Respostas ecofisiológicas de espécies da sucessão secundária crescendo sobre pastagens abandonadas na Amazônia central

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O desflorestamento na Amazônia contribui para a redução do bioma amazônico com reflexos diretos e indiretos sobre as mudanças climáticas regionais e globais, respectivamente. Neste contexto, o avanço agropecuário ainda é o principal responsável pela formação de mais áreas desmatadas. Considerando que as pastagens se tornam insustentáveis devido à baixa fertilidade dos solos e ao baixo emprego de tecnologia de produção, em pouco tempo estas áreas são abandonadas dando lugar a uma vegetação secundária emergente típica dessas áreas. Para tentar entender as estratégias adotadas pelas espécies arbóreas mais frequentes (Sucessional inicial (pioneiras): Vismia japurensis e Vismia cayennensis; Sucessional intermediária: Bellucia grossularioides e Laetia procera; Sucessional tardia: Goupia glabra), as características ecofisiológicas foram determinadas e relacionadas com a cronossequência sucessional da vegetação secundária, em diferentes períodos de precipitação. O estudo foi realizado em capoeiras com idades variando de 0-19 anos, localizada na área experimental do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais-PDBFF (0234S, 6007W). As características químicas dos solos foram determinadas, bem como, os teores dos nutrientes foliares, área foliar específica, potencial hídrico foliar e parâmetros envolvidos nas trocas gasosas e fluorescência da clorofila a. As concentrações de N, P e K aumentaram, enquanto que Ca e Mg diminuíram no solo com a idade das capoeiras. Os teores foliares de alguns nutrientes, assim como a eficiência no uso variaram, tanto entre as espécies quanto em função das idades das capoeiras. A resposta da taxa fotossintética foi diferente entre as espécies, com maiores valores para as espécies sucessionais iniciais na ordem de 14-17 μmol m-2 s-1, e menores valores para as espécies sucessionais tardias (8-10 μmol m-2 s-1). Os maiores valores de Amax foram observados para as espécies do gênero Vismia. As variáveis Amax, gs, Rd e E diminuíram seus valores com as idades das capoeiras para a maioria das espécies, com exceção de G. glabra. As espécies G. glabra e L. procera exibiram redução nas respostas fotossintéticas no período de baixa precipitação. Observou-se também uma típica curva do transiente da fluorescência da clorofila a (OJIP) entre as espécies, com modificações nos transientes para G. glabra e L. procera no período de baixa precipitação. O índice de desempenho das espécies aumentou com as idades das capoeiras, com destaque para B. grossularioides e L. procera. As plantas situadas nas capoeiras novas dissiparam mais energia em forma de fluorescência do que nas capoeiras mais velhas. A máxima eficiência quântica do fotossistema II aumentou nas espécies em função das idades das capoeiras, na ordem de 0,80 para 0,83. O potencial hídrico foliar apresentou pequena variação entre as espécies e, também, com as idades das capoeiras. Tanto os valores do índice de conteúdo de clorofila quanto os valores da área foliar específica aumentaram com as idades das capoeiras para todas as espécies. A análise do conjunto de variáveis sugere que as espécies diferem entre si no que se refere à posição dentro do grupo sucessional e que, apesar da melhoria nas condições nutricionais em função das idades das capoeiras, sua eficiência no uso dos mesmos foi limitada. Além disso, aumentos nos valores de área foliar específica, reduções nas taxas fotossintéticas e diminuição na dissipação de energia em função das idades das capoeiras, de certa forma, levam a um entendimento de que modificações referentes à plasticidade das plantas possam ter ocorrido com o tempo, e que essas modificações, normalmente, são também associadas a alterações na disponibilidade de irradiância. Portanto, vale ressaltar a importância das espécies da sucessão secundária, no que concerne à captação e utilização dos recursos primários disponíveis, nos primeiros 15 anos de crescimento sobre pastagens abandonadas e destacar o seu relevante papel na redução do carbono atmosférico frente às atuais mudanças no cenário amazônico.

ASSUNTO(S)

ecofisiologia florestal vegetação secundária Área degradada dinâmica de nutrientes troca gasosa em plantas plantas - estresse fisiológico recursos florestais e engenharia florestal

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