Respostas a herbivoria em Asclepias curassavica (Apocynaceae: Asclepiadoideae) : defender, crescer ou reproduzir / Responses to herbivory in Asclepias curassavica (Apocynaceae: Asclepiadoideae) : to defeat, grow or reproduce

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A produção de defesas contra a herbivoria é essencial para o sucesso reprodutivo das plantas, no entanto pode ser custosa. Esses custos resultam da redução de investimento em outras partes do metabolismo, como o crescimento e a reprodução. Nesse estudo, usamos Asclepias curassavica (Apocynaceae: Asclepiadoideae) como modelo para avaliar como uma planta divide seus recursos entre crescimento, reprodução e defesas. A. curassavica é uma planta anual que possui cardenolidas como defesas. Para verificar como esta responde a herbivoria, simulamos a mesma através de dano artificial (DA) e medimos crescimento (biomassa de folhas e raízes) e reprodução (número de flores, frutos e sementes e biomassa de sementes) em um experimento em longo prazo. Em um experimento em curto prazo, medimos a produção de defesas (concentração de cardenolidas), para avaliar se estas podem estar interferindo no crescimento e reprodução desta espécie. Correlacionamos também, em uma população natural, a concentração de cardenolidas com a percentagem de herbivoria foliar. O hormônio jasmonato de metila (JM) é usado para induzir compostos do metabolismo secundário em plantas, sem o custo adicional da remoção de tecido fotossinteticamente ativo causada por dano artificial ou natural. Usamos esse composto em ambos os desenhos experimentais acima ao invés de remoção da área foliar para avaliar se havia indução de cardenolidas e seu efeito sobre o crescimento e reprodução de A. curassavica. Nossos resultados demonstraram uma redução significativa do número total de frutos, sementes e da massa final de raízes em plantas com tratamento de DA em longo prazo. O crescimento do tratamento DA não diferiu do controle, sugerindo crescimento compensatório das folhas à custa do investimento em raízes e em reprodução. Os custos reprodutivos e de crescimento de raízes detectados no experimento de longo prazo podem resultar da diminuição da capacidade fotossintética em plantas danificadas e investimento simultâneo em crescimento compensatório das folhas. No experimento de curto prazo, não houve alteração da razão de indução de cardenolidas sugerindo que o dano artificial não induz defesas nessa espécie. A ausência de correlação entre cardenolidas e porcentagem de dano natural em plantas coletadas em campo pode sugerir dois cenários excludentes: 1. a indução de cardenolidas não seria importante para a defesa de A. curassavica, ou 2. a ausência de correlação, associada a baixa percentagem de herbivoria implicaria em uma defesa constitutiva eficaz contra herbívoros. O tratamento com JM a longo prazo também mostrou uma tendência à redução do crescimento de raízes e redução significativa da biomassa e porcentagem de germinação de sementes. Nas plantas tratadas com JM a curto prazo, houve um aumento significativo de cardenolidas tardio (384 h após tratamento) sugerindo que estas podem contribuir para a redução de aptidão observada no experimento de longo prazo e que existem custos da produção das mesmas. Dano artificial leva à diminuição da aptidão, através de desvio de investimento em raízes para o crescimento compensatório das folhas. No caso do jasmonato, não houve perda de massa fotossinteticamente ativa (folhas) e a redução do crescimento de raízes pode ser resultado de um efeito direto do tratamento de JM ou indireto causado pela indução de outras partes do metabolismo (p.ex. metabolismo secundário) causada por esse fitohormônio. Experimentos futuros devem comparar os presentes resultados com dano real por um dos herbívoros especialistas para avaliar a eficácia do dano artificial em induzir cardenolidas e o papel dessa indução sobre outras partes do metabolismo da mesma

ASSUNTO(S)

asclepias allocation resposta induzida milkweed compensation induced response trade-off

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