RESISTÊNCIA POLÍTICA SEM FOGO AMIGO: POR UMA IDEOLOGIA LINGUÍSTICA DAS MISTURAS EM NOSSA REVOLTA

AUTOR(ES)
FONTE

Trabalhos em Linguística Aplicada

DATA DE PUBLICAÇÃO

2022

RESUMO

RESUMO Testemunhamos, na atualidade, a invasão da cultura beligerante em diversas esferas da vida social, inclusive, na política. Com o populismo de direita se alastrando em escala mundial, um olhar atento à maneira como a linguagem está sendo operacionalizada por líderes políticos e seus/suas apoiadores/as se faz necessário (HODGES, 2020). O mesmo pode ser afirmado em relação às crenças linguísticas que orientam as nossas interpretações sobre as formas e os usos das línguas e nossos modos de acionar resistência política. Neste trabalho, investigamos três tuítes de críticas direcionadas às performances discursivas de Abraham Weintraub, ex-Ministro da Educação do governo de Jair Bolsonaro, quando a norma padrão da língua portuguesa foi por ele violada. Visamos investigar as ideologias linguísticas que guiam tais críticas, avaliando os efeitos que produzem nos projetos políticos interessados em defender os direitos de grupos sociais marginalizados. Para nossas análises, utilizamos os construtos teórico-analíticos de iconização, recursividade fractal e apagamento (GAL & IRVINE, 2019). Os resultados do estudo indicam que modos de resistência orientados por ideologias linguísticas que defendem um ideal puro de língua endossam sentidos negativos associados aos recursos linguísticos populares e, por extensão, às categorias sociais dos/as excluídos/as. Defendemos as ideologias linguísticas das misturas (PINTO, 2013; FABRÍCIO & MOITA LOPES, 2019) como um caminho possível para pensarmos práticas de resistência política que sejam, de fato, comprometidas com pautas inclusivas e de justiça social.

Documentos Relacionados